Cidade da Praia, 24 Jul (Inforpress) – O presidente da ACL afirmou hoje que o poeta Corsino Fortes deixou uma obra “complexa e muito bonita que todos os cabo-verdianos deviam ler” e que a melhor forma de honrar a sua memória é valorizando seu legado.
O presidente da Academia Cabo-verdiana de Letras (ACL), Daniel Medina, fez estas declarações em entrevista à Inforpress, a propósito do quinto aniversário do falecimento do poeta cabo-verdiano Corsino Fortes.
Para assinalar a data, a ACL realiza esta sexta-feira uma cerimónia homenageando Corsino Fortes e a publicação de um caderno cultural, que contem depoimentos de amigos, de familiares do poeta e de pessoas que escreveram sobre a sua vida e obra.
“O caderno tem 20 páginas, a cerimónia espera ter a presença do Presidente da República porque ele é um dos membros da Academia de Letras, vai estar presente o presidente da Fundação Amílcar Cabral, teremos uma intervenção do Manuel Veiga, declamação de poesias e exibição de um vídeo sobre vida e obra de Corsino Fortes”, referiu.
No dia que completa cinco anos de passamento de Corsino Fortes, o presidente da ACL afirmou que a melhor forma de Cabo Verde valorizar o seu legado é estudando o poeta e seguindo seus exemplos.
Para Daniel Medina, Corsino Fortes marcou gerações e deixou marcas profundas que faz que com a sua memoria seja sempre lembrada.
“O sentimento é como se ele estivesse presente, porque ele marcou a sua e nossa geração e ao deixar essa marca profunda, faz com que nós sempre nos lembremos dele e em particular da obra que ele deixou, que é uma obra complexa e muito bonita e que todos os cabo-verdianos deviam ler, porque reportam poesia tudo que é a gene de Cabo Verde, a intelectualidade da luta, as secas, saudade e o amor”, declarou.
Corsino Fortes nasceu a 14 de Fevereiro de 1933, no Mindelo, São Vicente, tendo sido aplaudido pela crítica como o príncipe ou o poeta maior de Cabo Verde.
A poesia tornou-se pública na sua vida, em 1957, quando saíram os seus primeiros poemas no jornal do 3º Ciclo Liceal. Licenciou-se em Direito, pela Universidade de Lisboa em 1966, onde viveu na Casa dos Estudantes do Império.
Os seus poemas apareceram nos anos 1960, em algumas publicações como a revista Claridade ou a Antologia Modernos Poetas Cabo-verdianos.
Mas só lançou o seu primeiro livro em 1974, “Pão & Fonemas”, que com “Árvore & Tambor”, editados em 1986 e “Pedras de Sol & Substância”, em 2001, formou “A Cabeça Calva de Deus”. A trilogia conta a saga do povo para a liberdade
Presidiu à Associação dos Escritores de Cabo Verde (2003-2006). As obras como “Pão e Fonema” ou “Árvore e Tambor” expressam uma nova consciência da realidade cabo-verdiana e uma nova leitura da tradição cultural do arquipélago.
Corsino Fortes faleceu no dia 24 de Julho de 2015, depois de longos anos de luta contra o cancro e de ter lançado novo livro, a menos de uma semana antes da sua morte.
A ACL é uma pessoa colectiva que tem por objecto a promoção e o incentivo das letras e da Literatura Cabo-Verdianas, a difusão da cultura, preservação da memória e do legado da literatura cabo-verdiana e o enaltecimento de grandes vultos e outros notáveis da produção literária.
A associação visa ainda a promoção e a difusão das obras, dos estudos e dos ensaios relativos à criação literária cabo-verdiana e a valorização das obras do reconhecimento mérito portadores de valores universais.