Cidade da Praia, 27 Ago (Inforpress) – O ex-primeiro-ministro alertou hoje que se o dossier sobre Alex Saab não for gerido de uma forma inteligente, poderá acrescentar “enormes prejuízos” à imagem externa do país, afirmando que o momento demanda serenidade, inteligência e sentido de bem comum.
Na sua página oficial do Facebook, o ex-chefe do Exeucutivo cabo-verdiano, José Maria Neves, começa por abordar os impactos da covid-19 em Cabo Verde, dizendo que a pandemia veio pôr a nu as “insuficiências” do sistema nacional de saúde, as “ineficiências” dos serviços públicos, a “fragilidade” do tecido empresarial, a “precariedade” do mercado de trabalho, as “manchas” da pobreza, as “desigualdades” sociais e as vulnerabilidades do país.
“A promessa de pensar fora da caixa e de fazer diferente está por cumprir. Perdem as famílias, as empresas e os cidadãos. Os tempos estão difíceis, para todos nós. Temos que agir rapidamente para sofisticar os processos decisórios, melhorar a organização do trabalho e a eficiência e procurar melhores resultados. O tempo ruge!”, declarou.
A somar à pandemia, apontou o contexto geopolítico e geoestratégico da prisão, pelas autoridades cabo-verdianas, de Alex Saab, que, no seu entender, se não for bem gerido poderá acrescentar enormes prejuízos à imagem externa do país.
José Maria Neves exortou, neste sentido, as autoridades políticas e governamentais a “arrepiar caminho” e respeitar “escrupulosamente” os princípios basilares do Estado de Direito Democrático e buscar consensos e compromissos entre os órgãos de soberania e os principais actores políticos.
Para o ex-primeiro-ministro, em nenhuma circunstância tal questão devia ser utilizada como arma de arremesso político e objecto de disputa partidária, ainda que em tempos de eleições, ressalvando que nesses momentos de crise os interesses nacionais falam mais alto.
“O momento é sério, difícil e complexo. Por isso, demanda serenidade, inteligência e sentido de bem comum. Afinal, governar Cabo Verde é um acto eminentemente ético”, afirmou.
Alex Saab Morán, de nacionalidade colombiana e com passaporte venezuelano, foi detido no Sal, a 12 de Junho, no cumprimento de um mandado internacional, emitido pela Interpol, a pedido das autoridades norte-americanas.
Os Estados Unidos consideram o empresário um testa-de-ferro de Nicolás Maduro. A defesa – liderada internacionalmente pelo antigo juiz espanhol, Baltazar Garzón – e governo venezuelano apostam na ilegalidade da detenção, já que Saab viajaria com passaporte diplomático.