Mindelo, 05 Jan (Inforpress) – O presidente da Associação dos Armadores de Pesca de Cabo Verde (Apesc) destacou hoje, no Mindelo, “o papel e a importância” dos pescadores no desenvolvimento do País e pediu uma reflexão sobre “o verdadeiro estatuto” do pescador.
É que, segundo João Lima, que falava no acto de abertura das celebrações do Dia do Pescador, comemorado hoje, na Torre de Belém, no Mindelo, é “fundamental analisar” a situação do pescador nas ilhas, “reflectir e perguntar” o que se deseja da classe, para onde ir e qual a meta a atingir.
A Apesc quer ver resolvido, segundo a mesma fonte, o problema da segurança alimentar e social da classe, da segurança jurídica e no trabalho, contratos de trabalho e ainda a problemática de protecção de todo o sector pesqueiro, de que o pescador é “peça fundamental”.
Na mesma linha, continuou João Lima, não se pode continuar a ter os pescadores como “pedintes de uma pensão social”, à margem da reforma, porque o sistema implementado no País para o sector das pescas “não lhe dá margem” para se reformar “com dignidade”.
A mesma fonte nomeou ainda a necessidade de um vínculo contratual “sério e responsável” com o armador nacional, capaz de garantir os direitos deste.
Em representação do Ministério da Economia Marítima na celebração, a gestora do Fundo Autónomo das Pescas, Helena Luz, considerou que a melhoria das condições da pesca é “uma das prioridades” do Governo, e que passa pela segurança dos pescadores e das embarcações, modernização das embarcações de pesca e mercados de peixe, promoção da pesca sustentável, desenvolvimento das comunidades piscatórias e salvaguarda das questões ambientais
A mesma fonte reafirmou aos pescadores que o Ministério da Economia Marítima está “completamente engajado” para garantir “a sustentabilidade do sector” e transformá-lo num sector económico capaz de contribuir “cada vez mais” para “o bem-estar” dos cabo-verdianos.
Dados revelados pelo presidente da Apesc indicam que Cabo Verde tem 5.078 pescadores no activo, que utilizam botes de pesca artesanal e navios semi-industriais, num País que tem um potencial haliêutico estimado em 36 mi/40 mil toneladas/ano, mas que a captura anual não ultrapassa em média as 15 mil toneladas, ou seja 39,4 por cento (%) do seu potencial.
Dessa captura, 43,71% têm origem na pesca artesanal e 56,29% na pesca semi-industrial, num país com 97 pontos de desembarque.
Celebrado este ano sob o lema “Celebrar o mar, valorizar o pescador”, o programa comemorativo para a ilha de São Vicente incluiu ainda a entrega de equipamentos informáticos de apoio à gestão associativa pelo Instituto do Mar às associações de pescadores da ilha, no âmbito da cooperação com Universidade de Rhode Island (EUA), e ainda uma conversa aberta sobre “Segurança social na pesca: um desafio inadiável”.
No início da cerimónia foi observado um minuto de silêncio em homenagem aos três pescadores recentemente falecidos na faina nos ilhéus, no canal entre as ilhas do Fogo e Brava.