Cidade da Praia, 16 Fev (Inforpress) – O vice-presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) considerou segunda-feira que a detenção do venezuelano/colombiano Alex Saab poderá pôr em causa a postura de Cabo Verde “como um país de direito democrático”.
A UCID, segundo uma nota enviada à Inforpress pelo seu vice-presidente, Júlio de Carvalho, vem acompanhando, “com muito interesse”, o desenrolar dessa situação, por isso pede ao Governo que ausculte os partidos políticos e individualidades experientes sobre este caso.
“Considerando o impacto internacional que este assunto pode trazer para Cabo Verde, a UCID acha que não deve ser tratado com ligeireza e sem a contribuição dos outros partidos políticos e quiçá com auscultação de individualidades experientes e com reputação nacional e internacional, tratando-se a política externa um assunto amplamente aceite como de consenso nacional”, lê-se na nota.
Para a UCID, Cabo Verde, durante todo o seu percurso como uma nação independente, pautou sempre, e na medida do possível, por uma postura de “não-alinhamento rigoroso e posicionamento como País útil para resolução de conflitos”, na medida das suas possibilidades.
Entretanto, prosseguiu, hoje a UCID vê com preocupação que o País está a ter uma “tendência para alinhamentos”.
Este facto, segundo a mesma fonte, tem feito com que certos países explorem as fraquezas de Cabo Verde, utilizando factores de “pressão e puxando pelos seus interesses” em conflitos políticos e geoestratégicos particulares, com “completo desprezo” pelas instituições e interesses cabo-verdianos.
“O caso do senhor Alex Saab é testemunho acabado desta exploração, tentando as partes envolvidas num conflito que não é nosso arrastar o País para posições e interesses que também não são nossos” repudiou, culpando o Governo que, a seu ver, “por arrogância, incompetência ou outros interesses obscuros” não actuou “decididamente e em tempo”, para evitar que isso acontecesse.
Para Júlio de Carvalho, nem tudo está perdido, caso o Governo deixe que as instituições da justiça funcionem e “sem pressões” políticas internas ou externas.
“A UCID encoraja e exige do Governo que deixe claro a todos que para Cabo Verde o que interessa é o funcionamento independente das instituições judiciais, incluindo a nossa responsabilidade em relação ao tribunal regional de Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)”, disse, apelando a autoridade nacional a acatar as decisões judiciais que saem das instâncias judiciais da CEDEAO.
A UCID pediu ainda às autoridades que tenham em atenção “manobras diplomáticas obscuras, pressões de qualquer tipo ou promessas truculentas e descabidas que não surtirão efeitos”.
“Outra vez repetimos que neste processo, Cabo Verde aplique a lei da República, e com respeito pelo direito internacional que inclui convenções e tratados multilaterais e bilaterais de que somos parte. Há, pois, que aproveitar esta situação para exemplarmente afirmar o nosso Estado como de Direito Democrático”, rematou.
Alex Saab Morán foi detido no dia 12 de Junho, na ilha do Sal, e aguarda desde o dia 16 de Julho o final do processo de extradição para os Estados Unidos.
AM/CP
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