Santa Catarina do Fogo, 27 de Out (Inforpress) – O cultivo do milho em Santa Catarina do Fogo este ano está comprometido por causa da invasão da lagarta-do-cartucho-do-milho e de focos de gafanhotos que já destruíram boa parte da cultura do sequeiro, segundo os agricultores.
A maioria das localidades de Santa Catarina no Fogo está infestada por essa praga e já não há esperança nos agricultores que apontam como única solução, o não cultivo do milho nos próximos três anos como forma a eliminar o que consideram ser uma desgraça.
Em entrevista à Inforpress, os agricultores afirmaram que mesmo depois de as autoridades terem tratado as plantas, ainda assim a lagarta voltou, porque tem uma “resistência muito grande”.
“O cultivo do milho em Estância Roque é praticamente zero. Em termos da produção do milho é negativa. O Ministério da Agricultura tem intervindo, mas tem sido fraca e não chega a tempo, porque não vale a pena proteger uma parte do cultivo sem chegar na outra família”, explica o agricultor Manuel.
Na zona de Figueira Pavão, a situação é a mesma, tendo o agricultor Betim dito que é provável que não venham a fazer a colheita do milho este ano.
“Há agricultores que estão a cortar toda a caule da planta para ver se assim conseguem retirar na totalidade o “bitxu” [lagarta-do-cartucho-do-milho]. Em Santa Catarina a praga já está alastrada e este ano é quase zero a colheita”, adianta Betim.
Contactado, o responsável pelo sector do Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) em Santa Catarina do Fogo, José António Martins, disse que de acordo com as visitas feitas em diversas parcelas agrícolas, notaram que houve um alastramento em relação a essa praga.
“Até este momento estamos no terreno a fazer o máximo possível para tentar minimizar essa situação que afecta muito os nossos agricultores, homens que labutam incansavelmente”, assegurou.
Em relação ao resultado esperado no cultivo, José António Martins acredita que houve um decréscimo devido a essa praga e também, um dos factores que lhes prejudicaram bastante, é a falta de chuva durante o mês de Outubro.
“Existem zonas onde o cultivo de milho apresenta um resultado satisfatório, tais como em Tinteira, Cova Figueira, Maria da Cruz/Domingos Lobo entre outras”, acrescentou.
Quanto às zonas do Sul, o responsável confirma que o cultivo do milho está perdido devido a dois factores, ou seja, a ausência da chuva e a presença da lagarta-do-cartucho-do milho que elevou a uma taxa de 19% da perda na produção.
Em relação às medidas que têm levado a cabo no terreno para tentar minimizar os danos, José António Martins assegurou que, para combater a praga, o MAA tem estado a disponibilizar dezenas de pulverizadores e medicamentos a todos os agricultores do município.
“Deslocamos diariamente em todas as localidades numa viatura para servir todos os agricultores criadores e pescadores no município. Neste momento já tivemos vários contactos com os agricultores e obtivemos resultados positivos no combate à praga”, explicou.
O responsável fez saber que todas as zonas agrícolas do município de Santa Catarina estão sendo afectadas pela praga que também tem assolado várias outras ilhas agrícolas do País.
A praga da lagarta-do-cartucho-do-milho ataca a cultura do milho ao longo de todo o seu processo, desde crescimento, floração e fortificação, e os agricultores podem recorrer a vários produtos para combater a praga, quer naturais, como químicos.