O ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, assegurou hoje que o país está a reforçar a sua resiliência florestal adaptando-a ao sector agrário, às mudanças climáticas e as aos efeitos das alterações climáticas.
A garantia foi dada pelo governante, hoje na Praia, à margem da reunião do Comité de Pilotagem do projecto GCP/CVI/046/EC “Reforço da capacidade de adaptação e resiliência no sector florestal em Cabo Verde”, financiado pela União Europeia e executado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Para o ministro, esses efeitos estão relacionados com o aumento da aridez, degradação das terras e dos ecossistemas incluindo o aumento dos riscos da dessalinização das águas, degradação das zonas costeiras e tendência para a degradação daquilo que constituem os recursos que estão na base da actividade agrária.
Para contrariar essa tendência, avançou que estão a implementar políticas para tornar as florestas mais resilientes, reforçar a capacidade do próprio sector florestal em lidar com essas problemáticas, mas acima de tudo adaptar as melhores práticas de gestão.
“Introduzir ou reforçar a fracção das espécies que são activas e muito melhor adaptadas às nossas condições, o que significa que temos que controlar as espécies invasoras, controlar erros que cometemos no passado durante a florestação com espécies exóticas que não são tão bem-adaptadas às nossas realidades, por exemplo as acácias não têm que estar em todo o lado”, referiu, frisando que as espécies que estão mal localizadas devem ser substituídas gradualmente.
Na ocasião disse que o projecto está a ter avanços muito consideráveis com ganhos concretos, as intervenções têm tido um maior engajamento das comunidades, das escolas e uma melhor articulação entre as várias instituições que estão ligadas a este projecto.
Por seu turno, o chefe de cooperação da delegação da União Europeia, José Roman, partilha da mesma opinião de que o país terá de adaptar-se à nova era, recuperar as espécies endémicas, lutar contra o excesso de outras espécies sendo que a floresta é fundamental não só do ponto de vista paisagístico, mas também para a retensão do solo e lutar contra a desertificação.
“Este projecto vai estabelecer as bases para uma cooperação futura muito mais ampla nas áreas das mudanças climáticas, porque como anunciou a própria presidente da Comissão Europeia, as mudanças climáticas constam das primeiras prioridades políticas da comissão junto com a Aliança África Europa”, assegurou.
Iniciado em 2017, o projecto visa aumentar a resiliência e reforçar a capacidade de adaptação para enfrentar os riscos adicionais colocados pelas mudanças climáticas, à desertificação e à degradação das terras em Cabo Verde, apoiando assim na redução da pobreza, o crescimento económico e a sustentabilidade ambiental.
O projecto que termina em 2021 está orçado em 5 milhões de euros e visa ainda promover a gestão participativa das florestas para se adaptar à desertificação induzida pelas mudanças climáticas e criar resiliência das comunidades alvo, nas ilhas de Santiago, Fogo e Boa Vista.