Cidade da Praia, 30 Jul (Inforpress) – A JPAI considerou que o estado da nação em matéria da juventude é “grave” e “dramática”, considerando que 52,5% deste seguimento da sociedade laboram no sector informal e não beneficiam da protecção social.
A constatação foi feita quarta-feira pelo da Juventude do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (JPAI), Fidel Cardoso de Pina, esta manhã, na Praia, durante uma conferência de imprensa, sobre o debate do último Estado da Nação desta legislatura, marcado para sexta-feira, 31 de Julho.
Para o presidente da JPAI, a pandemia da covid-19 veio complexificar ainda mais a situação difícil em que se encontrava a maior parte dos jovens antes de deflagrar a epidemia e que a promessa feita pelo Governo do MpD (poder) está muito longe de ser cumprida.
Segundo disse, a juventude continua a ser particularmente atingida pelo desemprego, e esta tendência é a prova da falácia da propaganda política de que o MPD e o seu Governo tinham encontrado a fórmula mágica para o desemprego no seio da camada jovem com formação.
Fidel Cardoso de Pina avança que o grosso da oferta de trabalho para a juventude consiste nos empregos precários, sazonais, não qualificados, informais, com baixos salários e fraca protecção social.
“O Programa Nacional de Estágios tende a substituir os empregos dignos e bem remunerados prometidos nas campanhas de 2016, por estágios com baixa remuneração e nenhuma protecção laboral e social, oferecido a jovens cujas famílias investiram numa formação técnico-profissional, superior e até altamente qualificada, na expectativa de um emprego digno e justamente remunerado”, apontou.
No seu entender, a juventude tem sido uma camada particularmente afectada pelas sucessivas crises a nível mundial e em Cabo Verde, e a pandemia da covid-19 veio complicar ainda mais a situação dos jovens que ficaram desempregados com a perda repentina de rendimentos, resultante da quase paralisação da economia.
Esses jovens, segundo o líder da JPAI, estão nos sectores de “serviços considerados não essenciais, no comércio, no turismo e entretenimento, na restauração, no alojamento, na aviação e de forma dramática no sector informal”, sendo que mais de metade dos empregos, ou seja cerca de 52.5%, é considerado como informal e não beneficiam de protecção social.
A nível da habitação, considera ser intolerável que as habitações do Programa Casa para Todos continuem fechadas com milhares de jovens ainda a viverem em situações degradantes no país.
Para JPAI, neste momento difícil, os jovens esperavam do Governo propostas para fazer face aos graves problemas que atingem a juventude cabo-verdiana e mesmo aqueles que mantiveram os seus empregos, viram os seus rendimentos reduzidos a 70% perante o sistema de Lay-Off.
“É inaceitável que a pandemia seja oportunidade para o Estado beneficiar empresários próximos do poder, em detrimento dos demais. É inaceitável que continuemos a agir como se a situação fosse de normalidade, desviando a atenção para questões que em nada contribuem para a alteração da grave e dramática situação vivenciada pelos jovens em todas as ilhas do país”, referiu.
Na ocasião, apelou ao Governo a abandonar toda a lógica de propaganda e de triunfalismos, e que dialogue com os jovens e as suas organizações representativas, oiça os seus problemas, as propostas e soluções e informe à juventude que esta afectada pelos efeitos da covid-19.