São Filipe, 11 Fev (Inforpress) – A criação dos serviços de urgência pediátrica e de urgência ligado à problemática materno-infantil e de emergência pré-hospitalar são os desafios do hospital regional São Francisco de Assis para melhoria da prestação dos cuidados aos doentes.
O director deste estabelecimento hospitalar, Evandro Monteiro, em declarações à Inforpress sobre o Dia do Doente, que hoje se celebra, indicou que os desafios para a melhoria dos cuidados dos doentes são muitos porque, explicou, “à medida que se crie, pense o serviço e avance” deparam-se com outros problemas.
Para dar outro passo seguinte, continuou, é necessário ter “mais e melhores” investimentos e recursos humanos, além de desenhar todo a questão organizativa e plano de funcionamento.
A organização, disse, é fundamental, porque mesmo com os recursos humanos, equipamentos, espaços físicos, mas sem uma boa organização não se pode fazer o bom uso dos mesmos.
De entre “os muitos desafios” este apontou, a questão do banco de urgência para adultos e criança e para o serviço de maternidade, sublinhando que a curto/médio prazo a criação do serviço de urgência pediátrica/serviço de urgência ligado à problemática materno-infantil irá trazer “ganhos significativos”, embora “alguns investimentos feitos”.
Segundo o mesmo, com a criação da urgência pediátrica os especialistas vão passar a ter actividade presencial e não em regime de chamada com impacto na qualidade da prestação dos cuidados.
Com relação ao banco de urgência de adultos, este apontou a necessidade de se ultrapassar o problema ligado a recursos humanos com o reforço deste sector com pelo menos mais três médicos, sem contar com os reforços da Delegacia de Saúde de São Filipe para trazer “mais qualidade” na prestação dos cuidados.
Além de médicos, também este serviço deve contar com reforços de enfermeiros, embora o hospital tenha sido reforçado recentemente com profissionais de enfermagem, mas que necessita de ter mais enfermeiros.
“Com mais médicos e mais enfermeiros a nível do serviço de urgência iremos prestar um melhor serviço, com mais satisfação para as pessoas/utentes e para os profissionais que embora estão a trabalhar em melhores condições, precisam trabalhar ainda em melhores condições do que estão a trabalhar”, considerou.
Outro desafio está relacionado com o serviço de emergência pré-hospitalar que não existe neste momento, mas que definiu como fundamental para situações de acidentes, traumas, quedas e outras.
Evandro Monteiro defendeu a necessidade de dinamizar e repensar a sua criação porque nas situações pontuais a Polícia Nacional, os serviços dos bombeiros e próprio hospital actuam, mas há que ter para além do pessoal, os equipamentos, um programa e toda a organização que não existe na ilha.
O director do hospital apontou ainda que a nível dos serviços cirúrgicos gostaria de desenvolver ainda mais as cirurgias de uma forma geral, aumentar a cirurgia oftalmológica, ter o serviço de ortopedia e traumatologia a dar uma “boa resposta” e a accionar parcerias no sentido de se ter mais equipamentos para responder esta especialidade, que é a principal causa de transferência de doentes da ilha do Fogo para o hospital Agostinho Neto, na Cidade da Praia.
Este apontou que há outro desafio que pretende implementar, como o desenvolvimento ainda mais das parcerias com as organizações internacionais e que foram interrompidas com a pandemia, já que estas parcerias ajudaram a criar as condições para dar respostas à problemática específica de saúde, nas áreas como otorrinolaringologia.
Esta é uma área que o hospital gostaria de desenvolver, disse o seu director, indicando que o estabelecimento tem algumas condições criadas e com alguns equipamentos que irão beneficiar os doentes que assim deixarão de se deslocar ao hospital Agostinho Neto.
A realização de uma melhor articulação com o hospital central da Praia, no sentido de enviar com alguma periodicidade profissionais de algumas especialidades como a cardiologia ou otorrinolaringologia, já que são áreas em que o hospital São Francisco de Assis tem muitos pacientes.
Lembrou que uma das primeiras causas de mortalidade na ilha está relacionada com as patologias ligadas ao sistema cardiocirculatório.
Existindo “equipamentos razoáveis” como ecógrafo, electro, referiu, e com a vinda de especialista haverá possibilidade de se fazer estudos para ver a dinâmica cardíaca e a parte clínica associada dos pacientes a nível do próprio hospital.