Cidade da Praia, 15 Out (Inforpress) – O ministro que tutela a comunicação social disse hoje que a estratégia do Governo é transformar a Inforpress numa agência “de referência no contexto africano”, não só como agência lusófona, mas também na sub-região a que pertence Cabo Verde.
Abraão Vicente fez essas considerações ao presidir à abertura da formação de capacitação de jornalistas sobre a temática “Jornalismo do século XXI”, promovida pela Agência Cabo-verdiana de Notícias (Inforpress) em parceria com a Agência de Notícias de Portugal (Lusa).
Segundo o ministro da Cultura e Indústrias Recreativas e tutela da comunicação social, Cabo Verde, enquanto país com ambição de ser uma plataforma, tanto no sector aéreo, como no tecnológico, a Inforpress deve também colaborar para este desiderato, contribuindo para que o arquipélago deixe de ser um Estado pequeno.
“Nunca como hoje precisamos de mediadores ou de jornalismo de qualidade”, declarou o ministro, acrescentando que o contexto em que o país vive exige um “jornalismo de qualidade e de fiscalização”.
Na sua perspectiva, o sistema político em Cabo Verde precisa que a comunicação social funcione para que, de facto, o chamado quarto poder seja “efectivo e eficaz”, consiga separar aquilo que é propaganda, ‘fake news’ e desinformação e dar qualidade à democracia.
“Pede-se da comunicação social, tanto pública, como privada e, principalmente a agência de notícias [Inforpress] o rigor, a qualidade, a ousadia e autonomia dos seus jornalistas”, exortou.
Disse ainda esperar que a longo e médio prazo os órgãos de comunicação social, principalmente os públicos, “confrontem e fiscalizem o Governo”.
Neste caso, afirmou Abrão Vicente, espera-se que a Inforpress seja “tão forte” a ponto de se esquecer que é tutelada pelo Estado.
Para ele, hoje, o grande debate a nível nacional é a “presença excessiva” dos partidos e da política em tudo aquilo que é a comunicação social.
Anunciou, por outro lado, que o Governo vai assinar um contrato de concessão de três anos, o primeiro, com a Inforpress, o qual visa “aprofundar e intensificar” a autonomia da agência cabo-verdiana de notícias.
Garantiu que até Dezembro o Governo pretende aprovar todo o quadro legislativo referente à comunicação social, nomeadamente o novo estatuto da Agência Reguladora da Comunicação Social (ARC) e o novo regime geral da comunicação social.
Para a gestora única da Inforpress, Jacqueline de Carvalho, com esta formação pretende-se criar as condições para que os profissionais da agência e do sector da comunicação social, de um modo geral, possam ter “melhor prestação” e “maior performance” no serviço publico e privado a nível nacional, com especial atenção para a diáspora.
“Com esta formação pretendemos reforçar o ‘savoir-faire’ da agência e dos órgãos de comunicação social em matéria de produção de conteúdos e a sua integração com as novas demandas da era digital, disponibilizando conteúdos em múltiplos formatos e ajustando aos desafios do jornalismo do século XXI”, defendeu aquela responsável.
Por sua vez, o presidente do conselho de administração da Lusa, Nicolau Santos, destacou a cooperação entre as duas agências de notícias e afirmou que ambas têm o dever de praticar “cada vez mais e melhor jornalismo”, a fim de se fazer face à nova realidade digital, em que o cidadão se transforma em jornalista, sem que esteja obrigado a cumprir determinadas regras.
Conforme notou, o jornalista está obrigado a respeitar o seu código deontológico com que trabalha, além de se obrigar a confirmar as fontes e a informação, enfim, tentar aproximar-se o “máximo possível “da verdade sobre o que aconteceu.
A formação de uma semana abrange os 46 colaboradores da Inforpress, sendo 36 da redacção, dez na aérea administrativa e suporte e 20 beneficiários de outros órgãos de comunicação social.
A mesma foi cofinanciada pela Embaixada de Portugal, na Praia, através do Instituto Camões da Cooperação e da Língua.
À margem da cerimónia da abertura da formação, a Inforpress e a Lusa assinaram um protocolo de cooperação em que esta última se compromete a disponibilizar a sua congénere cabo-verdiana algum conteúdo a nível internacional.
O acordo contempla também a vertente formativa dos quadros da Inforpress, na área do jornalismo e outras que venham a ser identificadas posteriormente.
A Lusa compromete-se ainda a disponibilizar à Inforpress alguns serviços gratuitos, nomeadamente Temática Cabo Verde, agenda online, pacote fotográfico e fotos lusofonia e serviço lusanews.