Cidade da Praia, 14 Nov (Inforpress) – A avaliação da qualidade dos cuidados obstétricos, neonatais e infantis indica que o país tem tido ganhos em indicador de saúde neonatal e infantil, mas aponta para a necessidade de se melhorar na qualidade do serviço prestado.
A afirmação é da coordenadora do Programa da Saúde Sexual e Reprodutiva (PSSR), Vaneusa Borges, que avançou que o estudo foi conduzido a partir de uma metodologia da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma ferramenta de avaliação sistemática de melhorias da qualidade dos cuidados materno e neonatal.
Ainda segundo a coordenadora do Programa da Saúde Sexual e Reprodutiva, Cabo Verde foi o primeiro país a utilizar este instrumento, após a sua revisão em 2019.
“Em termos globais as nossas estruturas estão no indicador ‘bom e regular’ em termos de qualidade. Estamos a prestar um serviço de qualidade, mas ainda precisamos melhorar desde os cuidados primários passando pelos hospitais”, disse.
Vaneusa Borges indicou que os hospitais centrais, por possuírem mais recursos, estão mais bem posicionados no indicador utilizado para se elaborar o estudo e com avaliação entre “regular e o bom”.
Segundo a responsável pelo PSSR, o estudo indicou que 94% das crianças de Cabo Verde nasçam num estabelecimento de saúde e que 87% com assistência nos primeiros dois dias após o parto.
Em relação aos óbitos maternos, avançou que em 2018 foram registados quatro, o equivalente a 87,8%, confirmando um “aumento ligeiro”, em relação 2000, em que a taxa era de 86,3%.
A consultora do estudo, a médica e especialista em pediatria, Mecilde Fontes Costa, por seu lado, disse que a avaliação referente à saúde materna responde a uma taxa de 67% para o indicador regular, e 33% para o bom.
Sublinhou ainda que o estudo indica que políticas de gestão de recursos humanos para área materna precisam melhorar “e de que maneira”, respondendo o indicador a dados como 50% regular, 17% bom e 33% fraco.
“A gestão de saúde e registos é uma área que também precisamos melhorar, assim como os processos clínicos que não existem, pois, os medicamentos e nem os resultados dos exames são anexados ao processo do doente”, explicou na sua apresentação.
No evento, em que se apresentou dados sobre a avaliação realizada nos hospitais centrais da Praia e do Mindelo, nos hospitais regionais Santa Rita Vieira (Santa Catarina), João Morais (Santo Antão) e Manuel Figueiras (Sal), e alguns centros de saúde, informou-se que a segunda fase do estudo será elaborada em 2020.
O ateliê de restituição da avaliação da qualidade dos cuidados de saúde materna, neonatal e infantil em Cabo Verde é fruto de uma parceria entre a Direcção Nacional da Saúde, através do Programa Nacional de Saúde Sexual e Reprodutiva, com a OMS e o UNFPA/UNICEF, e tinha como objectivo socializar os resultados preliminares da avaliação e o plano de acção das estruturas avaliadas, com vista ultrapassar as lacunas encontradas.