Cidade da Praia, 04 Fev (Inforpress) – O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas incita as oleiras de Fonte Lima, em Santa Catarina (Santiago), a associarem o tradicionalismo ao industrial na confecção dos produtos ali fabricados, visando a exportação para outros mercados.
Abraão Vicente manifestou esta preocupação às oleiras da localidade enraizada na arte de olarias, na tarde de quarta-feira, durante o acto público da apresentação do livro/catálogo “Olaria de Fonte Lima, ilha de Santiago, Cabo Verde”, publicado pela técnica Ana Samira Carvalho, num trabalho do Instituto do Património da Cultura (IPC).
O governante prometeu trabalhar com as autoridades municipais para dotar os especialistas desta localidade, conhecida pela prática de olaria através do barro e argila, no interior de Santiago, de um forno profissional, de entre outras máquinas capacitadas, que permitam a “cristalização dos vários modelos ali confeccionados”, como pratos e outras louças e “souvenirs” como chaveiros, enquanto identidade do concelho.
Abraão Vicente disse ser esta uma forma de valorizar os antepassados, mediante ensinamento aos mais jovens, através de formação e capacitação e que possibilite a criação de mais postos de trabalhos através de produtos à base de barro.
Desafiou uma aposta, igualmente, na industrialização da produção de barro, pelo que sugeriu a autarquia a incentivar a prática deste negócio municipal, com a marca “barro, artesanato e olaria de Fonte Lima”, alegando que “esta enorme potencialidade” pode ser aproveitada para em conjunto com as olarias de São Domingos e Trás os Monte, (Tarrafal) encontrar mais uma fonte de criação de rendimento.
“A olaria de Fonte Lima é uma marca que pode ser transformada numa fonte de rendimento para a comunidade”, referiu o ministro, para quem o conhecimento traduzido no livro de Samira Carvalho pode ser traduzido “numa maneira mais prática para a criação de postos de trabalhos dignos e uma fonte de rendimento”.
À câmara local pediu esforços para a obtenção de um lote para a construção de um centro de produção local em Fonte Lima ou na cidade de Assomada e de lojas de artesanatos no centro de Assomada, assim como instou o director nacional do Turismo a disponibilizar espaços para quiosques para exposição e venda dos trabalhos de olaria.
O catálogo “Olaria de Fonte Lima, ilha de Santiago, Cabo Verde” é referenciado como uma compilação científica do papel da olaria, enquanto Património Cultural Imaterial no domínio do artesanato tradicional, e o papel do artesanato tradicional no desenvolvimento do turismo local.
A obra retrata, igualmente, o contributo da olaria no empoderamento e na melhoria de condições de vida das mulheres oleiras, detentoras de um saber-fazer, ancestral de confecção das loiças de barro.