Cidade da Praia, 05Mai (Inforpress) – O presidente da Câmara do Comércio e Serviços de Sotavento (CCSS), Marco Rodrigues, defende que deve haver efectivamente uma “livre circulação” dos empresários da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) a nível da organização intercontinental.
“Que tenham vistos de longa duração e que tenham condições para, em qualquer altura, poderem deslocar-se para a Europa sem problemas maiores”, defendeu o líder da CCSS, que se mostrou agastado com a situação porque vêm passando os empresários da CPLP, quando precisam de vistos, por exemplo, para Portugal.
Em declarações à Rádio de Cabo Verde (RCV), admitiu que os grandes fornecedores aos mercados dos Países Africanos de Língua Portuguesa se encontram em Portugal, acrescentando que os empresários lusos não têm tido dificuldades em se movimentarem nesses espaços, mas o contrário é “grave e de uma complexidade enorme”.
Entretanto, Marcos Rodrigues prefere falar em dificuldades decorrentes dos compromissos que Portugal tem em relação ao espaço Schengen, de que é membro, à vez de acreditar em descaso por parte das autoridades portuguesas.
O presidente da CCSS está confiante que o problema de vistos a empresários da CPLP para Portugal fique resolvido no encontro de Benguela, Angola, previsto para decorrer de 25 a 29 deste mês.
Para Marcos Rodrigues, trata-se de um evento “muito importante” para o empresário da CPLP.
Segundo ele, as duas Câmaras de Comércio de Sotavento e Barlavento, mais a Câmara de Turismo, estão em concertação com vista a levarem o maior número possível de empresários nacionais a participar no encontro de Benguela.
O anterior presidente da CCSS, Jorge Spencer Lima, afirmou ter perdido a paciência em relação à “recusa continuada” de vistos a empresários cabo-verdianos que quisessem visitar Portugal para contactos de negócios.
Na altura, admitiu interromper contactos com Portugal e encorajar os associados da CCSS a procurarem outros parceiros e fornecedores fora deste país luso.
A questão da facilitação da circulação na CPLP tem vindo a ser debatida há cerca de duas décadas, mas teve um maior impulso com uma proposta mais concreta apresentada por Portugal na cimeira de Brasília, em 2016, e tornou-se a prioridade da presidência rotativa de Cabo Verde, de 2018 a 2021.
O acordo de mobilidade já foi ratificado por Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, Moçambique, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe. O processo está por concluir em Angola – onde já foi aprovado pelo parlamento -, e Guiné Equatorial.
A CPLP é uma organização integrada por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.