Assomada, 17 Set (Inforpress) – O Governo não está preocupado com a data da entrega das obras de reabilitação da Igreja de Santa Catarina, e do ex-Campo de Concentração no Tarrafal, no interior de Santiago, mas, sim garantir a qualidade das mesmas.
A afirmação é do ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, em declarações à imprensa, após ter visitado as obras de reabilitação desses patrimónios religiosos e históricos, acompanhado do presidente do Instituto do Património Cultural (IPC), Jair Fernandes, tendo, no entanto, apontado finais de Dezembro e início de Janeiro 2021 como “data máxima” da entrega dessas duas obras.
“As duas obras que visitamos hoje são estruturantes e são também aquilo que é o legado que o Governo quer deixar a nível da habitação patrimonial, tanto em Santa Catarina como no Tarrafal. Vamos fazer as obras com qualidade, porque o legado terá que ser para as próximas décadas, porque não para os próximos séculos. E para isso podemos estar a correr atrás de datas que não beneficiam o trabalho com qualidade”, notou.
Relativamente à obra na Igreja de Nha Santa Catarina, adiantou que a mesma vai ser uma espécie de uma “nova igreja”, não obstante, terem mantido a nave principal e os traços arquitectónicos.
No entanto, disse acreditar que os santa-catarinenses vão se sentir orgulhosos de terem uma igreja remodelada, ampliada e com melhores condições para o culto religioso, e ainda no que diz respeito à valorização daquilo que era o património construído, o seu imaginário arquitectónico e à prática do culto à santa padroeira.
“Nós queríamos entregar a igreja para as festas de Nha Santa Catarina, celebradas a 25 de Novembro, mas, não sendo possível, a mensagem que passei é que o essencial é que a obra tenha qualidade. Se as obras não estiverem prontas para as festas deste ano estarão prontas para outras festividades”, justificou, prevendo a entrega entre finais de Dezembro e início de Janeiro de 2021.
Neste momento, indicou que estão a fechar a igreja, ou seja, que já se fez a cobertura da nave principal e se vai colocar as telhas, e que prosseguem as obras na parte do altar, sacristia e a criação das condições sanitárias para que a mesma possa ter “qualidade para o futuro e as próximas gerações”.
Já em relação às obras no campo de concentração, a fonte esclareceu que pelo facto de aquele edifício estar inscrito na lista indicativa da UNESCO, que as alterações não poderiam ser “extraordinárias”.
É que, segundo ele, não se pode colocar as mesmas telhas que se estão a ser colocadas nas igrejas, como muita gente defende, informando que substituíram o material que era cancerígeno por um “mais moderno e com o mesmo visual” e que, de momento, estão a reabilitar toda a parte física do ex-Campo de Concentração.
O IPC, avançou o governante está também ao mesmo tempo a trabalhar a parte museológica e museográfica.
“Contamos que com a entrega no início de Janeiro, máximo, o IPC entra imediatamente para que entreguemos a primeira fase do projecto Núcleo Interpretativo/Núcleo Museológico”, vaticinou Abraão Vicente.
“O Campo de Concentração vai ser um dos maiores desafios a nível da construção daquilo que são os novos museus em Cabo Verde, e aqui temos espaços para construir não só a narrativa à volta do campo de concentração, mas também criar outros núcleos que possam ter interesse para a comunidade e para a valorização do Tarrafal como destino turístico”, admitiu.
Na ocasião, a mesma fonte esclareceu que se está no final do mandato das câmaras municipais e não do Governo, daí, segundo ele, o executivo tem que fiscalizar as obras em andamento.
A reabitação da Igreja da Santa Catarina e do ex-Campo de Concentração do Tarrafal, orçadas em 28 e 23 mil contos, respectivamente, está enquadrada no Eixo IV do Plano Nacional de Reabilitação dos Edifícios Históricos e Religiosos – PRRA, coordenado pelo Ministério das Infraestruturas, do Ordenamento do Território e Habitação (MIOTH).