Mindelo, 17 Set (Inforpress) – O presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) pediu “a quem de direito” para mudar a medida de coacção de Amadeu Oliveira, que se encontra preso há 58 dias, devido a doença.
Momentos depois de ter sido recebido, ao início da tarde desta quinta-feira, em São Vicente, pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, a quem entregou uma carta, António Monteiro concretizou que o deputado Amadeu Oliveira, “indevidamente” preso e que classifica de “preso político”, está “bastante debilitado, abatido e tem problemas de saúde”.
“Dissemos ao Presidente que a UCID considera que Amadeu Oliveira está preso indevidamente, para nós é um preso político porque só está preso porque foi eleito deputado no dia 18 de Abril para, três meses depois, a 18 de Julho, ser preso no aeroporto de São Vicente, até hoje”, acrescentou Monteiro, que disse não estar “nada satisfeito com isso”.
Por isso, pedimos ao Presidente para, dentro daquilo que a Constituição da República manda, já que ele é o guardião da Constituição, para ver o que se poderá fazer para “clarificar algumas situações”.
Questionado se esta e outras acções da UCID não poderão ser vistas como pressão indevida de um partido ao poder judicial, Monteiro discordou, pois, disse, o que está em causa é “o não cumprimento da Constituição”, num Estado de Direito Democrático, em que o Presidente é o guardião e deve zelar “a todo o custo” para que a Constituição “não seja rasgada como foi neste caso”.
Sobre a manifestação convocada pelo Movimento Sokols’2017 para o dia 25, justamente sobre a questão da justiça, António Monteiro deixou claro que a UCID como partido “não irá participar”, mas que ele, enquanto cidadão, “sem rótulo de deputado e de presidente da UCID”, vai estar na manifestação.
“Vou à manifestação para mostrar o meu descontentamento como pessoa, mas a UCID não vai participar enquanto partido, já que não visto essas funções nas 24 horas do dia, há momento da função e outras sem função, vou estar como cidadão”, concretizou.
Foi notícia que no dia 27 de Junho o arguido Arlindo Teixeira, condenado inicialmente a 11 anos de prisão por homicídio, saiu do País a partir de São Vicente num voo da TAP com destino a Lisboa, tendo depois seguido para França.
Arlindo Teixeira é constituinte do advogado e deputado Amadeu Oliveira, num processo que este considerou ser “fraudulento”, “manipulado” e com “falsificação de provas”.
Teixeira saiu do País com auxílio anunciado publicamente pelo advogado de defesa, que disse que contactou um grupo de ex-militares fuzileiros navais para resgatar Arlindo Teixeira e fazê-lo sair do País por via marítima, mas nas vésperas mudou de estratégia e o seu cliente saiu por via aérea.
O caso Arlindo Teixeira remonta a 31 de Julho de 2015 quando foi preso acusado de assassinato e depois, em 2016, condenado a 11 anos de cadeia continuando em prisão preventiva a aguardar o desfecho do recurso ao Tribunal Constitucional e a 26 de Abril de 2018, Arlindo Teixeira, com dois anos, oito meses e 26 dias em prisão preventiva, é mandado soltar pelo Tribunal Constitucional por considerar que o arguido agiu em legítima defesa.
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