Mindelo, 12 Ago (Inforpress) – O presidente da Juventude do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (JPAI) defendeu hoje, no Mindelo, um “novo contrato social com a juventude” e disse que “se o Governo não fizer nada haverá tensão social nos jovens”.
Segundo Fidel Cardoso de Pina, que falava em conferência de imprensa, a propósito do Dia Internacional da Juventude, que se celebra hoje, a promessa de emprego para os jovens “está muito longe de ser cumprida”, apesar do “esforço de recrutamento de estagiários, sobretudo, no momento de realização de inquérito sobre dados estatísticos do mercado de trabalho”.
O político afirmou que o sector juvenil é “um dos que mais têm sido afectados”, devido à covid-19. Uma situação que, a seu ver, “vem tornar mais complexa a realidade difícil” em que já se encontrava “a maioria dos jovens”, antes da pandemia.
Por isso, afirmou que a juventude cabo-verdiana “precisa de um novo contrato social” porque “no actual contrato social os jovens são mais penalizados”.
Isto porque, sublinhou, são penalizados pelo desemprego e subemprego, pelos empregos precários, com baixos salários, pela falta de oportunidades económicas, pelas más condições habitacionais, pela discriminação no acesso a empregos e a cargos públicos, na obtenção de bolsa para formação profissional, certificada e superior geral e especializada e ainda “são condenados a serem as maiores vítimas da má gestão ambiental, das mudanças climáticas e das más políticas”.
Para o presidente da JPAI, se o Governo não tomar medidas, daqui a pouco, pode-se “começar a ter tensões sociais” no sector da juventude. Lembrou que, segundo o Governo, o turismo vai ter uma retoma a partir de 2023/24 e que “a maior franja empregada do turismo são os jovens”.
Além disso, explicou que neste momento “há uma migração enorme de jovens do Sal e da Boa Vista para as ilhas de São Nicolau, São Vicente e interior de Santiago quando não se sabe se haverá um bom ano agrícola”.
“Se não houver medidas de políticas para a questão do emprego vai ser complicado porque a primeira intenção vai ser emigrar.
Mas, emigrar vai ser muito difícil porque até agora o Centro Comum de Vistos e a Embaixada dos EUA ainda estão fechados e, até ao final do ano, acredito que não vamos ter uma situação normal sobre o pedido de vistos”, analisou.
Para Fidel Cardoso de Pina, deve-se apostar nos “novos nichos de mercado”, por exemplo, o teletrabalho que “gerou oportunidades de trabalho” aos jovens que estão “nas ilhas mais periféricas”.
Outra aposta seria o voluntariado para ocupar os jovens e com alguma remuneração, acrescentou, lembrando que “foram os jovens é que começaram a produzir máscaras e viseiras”.
Para a mesma fonte, “se não se apostar também na mobilização de água para ter um sector primário mais activo e um sector secundário não se sabe o que é que vai ser do país”.
Recordou ainda que esta é uma altura em que se vai ter eleições autárquicas e que “tudo vai parar”. Pelo que, pediu ao Governo para “deixar de fazer inaugurações de obras inacabadas” para apostar nas políticas para a juventude.
Caso contrário, ajuntou, “com o desemprego, vem a prostituição, a violência, o aumento do abuso sexual e outros problemas que já estavam e que poderão ser mais dramáticos”.
Fidel Cardoso de Pina afirmou que quer ver uma juventude mais “respeitada, considerada e ouvida”.
Também pediu que a juventude cabo-verdiana “participe activamente na política do país”, se assume como “um agente de transformação e mudança”, que tenha “um papel mais interventivo”, que seja “crítica” e que questione “com responsabilidade as medidas de políticas no contexto social”.