Cidade da Praia, 12 Fev (Inforpress) – A secretária executiva da Comissão Nacional da Unesco em Cabo Verde, Carla Palavra, afirmou hoje que a rádio tem tido um papel importante durante a pandemia, acompanhando e levando a informação às pessoas em linguagem acessível.
Carla Palavra que falava durante uma conversa aberta sobre a rádio sob o lema “Novo mundo, nova rádio”, promovida pela comissão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em parceria com o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, para assinalar o Dia da Rádio que se comemora este sábado, 13
“Durante esta pandemia, a rádio assumiu esse papel influenciador, levando a informação às pessoas em linguagens que fossem acessíveis. Independentemente das pessoas terem outros equipamentos, estava garantido que a rádio levasse a informação necessária. A continuidade na aprendizagem também foi garantida durante o período de fecho das escolas pela rádio e pela televisão. Então a rádio tem tido um importante papel durante esta pandemia”, disse.
Carla Palavra frisou que pesquisas têm mostrado que de todos os meios tradicionais, a rádio se afigura como o mais resiliente, precisamente porque vai se reinventando, e que neste contexto de pandemia serviu também para acompanhar as pessoas.
Para a conversa aberta foram convidados o jornalista Carlos Gonçalves, que falou dos primórdios da rádio em Cabo Verde, do jornalismo militante, e do financiamento enquanto elemento importante para a diversidade do pluralismo da informação, o jornalista Giordano Custódio que falou dos desafios da rádio em tempos de pandemia, e reitor da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, Wlodzimierz Szymaniak.
Giordano Custódio, proprietário de uma rádio privada, afirmou que a pandemia deu “uma manchadada” na forma tradicional de fazer rádio, e que houve a necessidade de inovar.
“Durante a pandemia nós trabalhamos 100%, remotamente. Nós tecnicamente já estávamos preparados, porque tínhamos feito todo um trabalho desde o ano 2000. Com o início da pandemia montamos quatro estúdios, (kits de emissão) em quatro localidades para que o profissional dentro da sua casa tivesse as melhores condições possíveis, na circunstância, para fazer o seu trabalho”, explicou.
Giordano Custódio acredita que a partir de agora a rádio passa a ser feita muito mais fora do estúdio e afirma que muitas coisas vão mudar com a versatilidade tecnológica actualmente existente.
“É como se fosse uma machadada na nossa forma tradicional de fazer rádio e existe um caminho enorme. Agora é só aproveitar a tecnologia e pôr em prática”, sustentou, afirmando igualmente que a rádio foi fundamental durante a pandemia para ajudar as pessoas fechadas em casa com pouca oportunidade de entretenimento.
“A rádio teve esse papel catalisador de partilha, de acompanhamento e de apoio na ocupação dos tempos ociosos”, acrescentou.
O outro orador da conversa aberta, moderada pelo jornalista Anatólio Lima, Wlodzimierz Szymaniak, apresentou o tema “o papel das instituições criadoras de conhecimento no processo de inovação – a experiência da primeira rádio Universitária” e sugeriu uma maior interactividade entre as rádios cabo-verdianas e os ouvintes.
“A rádio em Cabo Verde sempre teve um grande peso na vida dos cabo-verdianos e actualmente continuam com este papel de companheirismo no dia a dia, mas penso que podiam ser mais interactivos e tentar estabelecer mais vínculos com o público através das redes sociais”, explicou.
O Dia Mundial da Rádio, celebrado a 13 de Fevereiro, foi proclamado na 36ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 2011. A resolução 67/124 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 18 de Dezembro de 2012, apoia e reforça a celebração desta data.