Luanda, 27 de Julho (ANGOP) – A Assembleia Nacional anuiu, esta terça-feira, o envio de 20 militares angolanos para a missão africana em estado de alerta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) de imposição da paz em Cabo Delgado, República de Moçambique.
O Projecto de Resolução que autoriza o Presidente da República, nas vestes de Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA), a enviar a componente angolana de Força de Alerta da SADC para Moçambique foi aprovado por unanimidade.
O ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, informou, na ocasião, que a componente angolana, composta por 20 militares, inicia a missão naquele país do Índico a partir do dia 06 de Agosto.
Nessa operação, Angola participa com dois oficiais no Mecanismo de Cooperação Regional (RMC), oito oficiais no Comando da Força e 10 tripulantes para aeronave de Projecção Aérea Estratégica do tipo IL-76.
Segundo o governante, a missão angolana, com duração de três meses, tem um custo inicial de 575 mil e 500 dólares norte-americanos.
Lembrou que a comparticipação neste esforço da missão da SADC é de todos os Estados membros e está avaliada em 12 milhões 906 mil e 212 dólares, dos quais Angola tem uma comparticipação global de 1 milhão 174 mil e 307 dólares.
Desde 2017 que a região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, vive situações dramáticas de extremismo e de acções de terrorismo.
Na óptica do ministro de Estado, a situação vigente em Cabo Delgado não deve ser encarada de ânimo leve, porque, à semelhança do que se passa nessa região do norte de Moçambique, já existem focos de terrorismo em outros países da região central e austral, com destaque para a República Democrática do Congo (RDC).
« Devemos ter em conta a necessidade da nossa participação nesta missão, face aos esforços não só que os países da SADC estão a empreender, mas também de outros países que não pertencem à nossa região, como é o caso do Ruanda », assinalou.
Angola integra a força regional da SADC em estado de alerta desde Agosto de 2008. A referida força foi lançada oficialmente pelos 16 países membros da SADC, em Lusaka, República da Zâmbia.
A SADC realizou, a 23 de Junho deste ano, em Maputo, a Cimeira Extraordinária dos Chefes de Estado e do Governo, que analisou a situação de segurança em Moçambique, onde ocorrem actos terroristas perpetrados contra civis, mulheres e crianças inocentes, em alguns distritos da província de Cabo Delgado.
Em consequência, a cimeira aprovou o envio de componentes da Força em Estado de Alerta da SADC, até 15 de Julho de 2021, com a finalidade de apoiar as Forças de Defesa de Moçambique (FADM) no combate à ameaça de terrorismo e aos actos de extremismo violento em Cabo Delgado.
Conhecidos localmente sob o nome de Al-Shabab (« os jovens », tradução do árabe), os insurgentes semeiam o terror, desde 2017 naquela província fronteiriça com a Tanzânia, rica em gás natural.
Os ataques terroristas já causaram a fuga de 800 mil pessoas e a paralisação de um projecto de gás de 20 mil milhões de dólares, liderado pela Total, o gigante francês do petróleo.