Mindelo, 07 Nov (Inforpress) – O especialista em cirurgia laparoscópica e presidente da Cabo Verdean American Medical Society disse hoje, no Mindelo, que a base de dados do hospital Beth Israel, em Boston, será alvo de estudos que servirão pacientes em Cabo Verde
Júlio Teixeira deu estas informações após assinar um protocolo de cooperação com a direcção do Hospital Baptista de Sousa (HBS) que estabelece o desenvolvimento de programas e projectos de respostas terapêuticas para pacientes no HBS.
“Temos como missão a nossa própria comunidade nos Estados Unidos que sofre muitas vezes dos problemas que aqui existem e é importante que nós mantenhamos essa ligação directa com essa comunidade porque ali também aprendemos formas de como contribuir para Cabo Verde. Por exemplo, no hospital Beth Israel em Boston (Estados Unidos) descobrimos uma base de dados com mais de 10 mil cabo-verdianos e estamos a fazer investigações que terão impacto como os pacientes aqui em Cabo verde vão ser tratados”, avançou.
Segundo o especialista, a ideia é usar essa base de dados para contribuir para o diálogo científico cá em Cabo Verde e de muitas áreas porque se tratam de pessoas com a mesma base genética, com os mesmos hábitos alimentares e sociais que os cabo-verdianos residentes no País.
Júlio Teixeira também defendeu, na mesma ocasião, que Cabo Verde por ser um País com recursos limitados “não pode dar-se ao luxo de abandonar ou ignorar os recursos humanos existentes” na diáspora na área da saúde.
Pelo que, sugeriu que o exemplo da Cabo Verdean American Medical Society seja reproduzido nas outras comunidades de cabo-verdianos existentes na Europa e no Brasil.
“Do nosso ponto de vista, queremos contribuir para criar alternativas para além da dependência que temos em relação aos países de cooperação. Sabemos das mudanças epidemiológica, das doenças cardiovasculares, e oncológicas e não temos recursos suficientes em termos de transferência de pacientes para Portugal onde também tem os seus próprios problemas, tem listas de esperas enormes e os nossos pacientes chegam já com a doença avançada e nestes casos o tratamento e a mortalidade é pior. Então temos que arranjar as soluções para os nossos próprios problemas e a nossa diáspora pode dar um contributo enorme neste aspecto”, propôs.
A título de exemplo, o especialista revelou que nos últimos meses têm desenvolvido um programa de discussão online de casos oncológicos com equipas multidisciplinares com os colegas médicos nos Estados Unidos, com os no Hospital Agostinho Neto e no Hospital Baptista de Sousa.
“A ideia é de ter esse diálogo semanal que permite aos nossos colegas estabelecerem essa relação mais íntima, mais perto, e contribuir para subir o nível científico dessas discussões com participação dos estudantes de medicina”, argumentou.