Bissau,26 Abr 24(ANG) – O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, manifestou quinta-feira o « orgulho » do povo guineense de ter dado « o contributo original » para a transformação histórica que culminou na Revolução de Abril, na descolonização, e na democracia nos PALOP.
Sissoco Embaló recordou que há 50 anos, quando se deu o 25 de Abril, o « povo guineense em luta – dirigido pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) de Amílcar Cabral – já tinha proclamado unilateralmente a sua própria independência nacional, o seu próprio Estado » e este « evento histórico relevante » em 24 de Setembro de 1973, foi reconhecido « por uma larga maioria » dos membros da ONU.
« A evocação da Revolução portuguesa do 25 de Abril convoca imediatamente para uma reflexão conjunta das lutas de libertação nacional dos nossos povos », disse Embaló, sublinhando a ocorrência de « dois processos históricos que se cruzavam ».
Estes dois processos, disse, « tinham em comum uma mesma aspiração », liberdade e libertação nacional, pelo que não foi « de estranhar que uma convergência estratégica — entre os combatentes contra o Império e os combatentes contra a ditadura – começasse a ganhar, pouco a pouco, maior densidade, maior força ».
Sissoco Embaló discursava em Lisboa durante a sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, que contou com a participação de chefes de Estado dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste.
« A memória coletiva dos nossos povos guarda uma certeza inabalável: a revolução do 25 de Abril de 1974 acabou com a guerra », sublinhou ainda, recordando que esta começou em Angola, se estendeu à Guiné e, depois, a Moçambique.
« De facto, acabar com a guerra foi o propósito primordial que animou os Capitães de Abril », e « tratou-se, sem dúvida, de um feito histórico inesquecível », declarou.
Foi também o 25 de abril, disse ainda, que « abriu caminho à implementação do conceito de descolonização consagrado na Carta da Organização das Nações Unidas », recordando, porém, que, não obstante o « sucesso de abril », « foi preciso vencer ainda muitas resistências », ilustradas pelo facto de Portugal apenas proclamar oficialmente o princípio da autodeterminação das suas ex-colónias « em 27 de julho de 1974 – três meses após a revolução do 25 de Abril ».