Bissau, 20 Nov 24 (ANG) – O ministro do Ambiente, Biodiversidade e Ação Climática disse que o país vai submeter o relatório Bienal de Transparência até final de 2024, cumprindo assim as metas no âmbito do Acordo de Paris AP-Peter Dejong.
Viriato Soares Cassamá fez o anúncio, em entrevista à RFI, e defende que, nesta Cop29, que decore em Baku, Azerbaijão, “dever-se-ia concretizar a questão do financiamento climático”.
Disse esperar que desta Cop29 se comece a financiar as ações climáticas para que os países mais vulneráveis possam combater os efeitos nefastos das alterações climáticas.
“Cop de Cancún-Egipto (2010) quando se criou o Fundo Verde do Clima, foram prometidos 100 mil milhões de dólares por ano até 2020, o que se consumou”, lembrou.
Viriato Soares Cassamá disse que a Guiné-Bissau está na vanguarda e será o primeiro país dos PALOP e o segundo da CPLP depois do Brasil) a apresentar o seu Relatório Bienal de Transparência.
“Até Dezembro, este relatório será apresentado ao UNFCCC. A Guiné-Bissau já tem praticamente mais de 95 por cento deste relatório pronto e creio que até dezembro o documento vai ser apresentado”, afirmou.
Instado a falar se a Guiné-Bissau sofre com as consequências das alterações climáticas, nomeadamente na subida do nível do mar, da erosão costeira e também na questão da seca e o que é que tem feito para colmatar estes efeitos, o ministro do Ambiente afirmou que o país tem estado a aproveitar todos os recursos e todos os financiamentos postos à sua disposição no âmbito das organizações internacionais de que faz parte.
“Estamos a implementar um projeto sobre a proteção da zona costeira no montante de 12 milhões de dólares. Temos já em carteira e com financiamento, um outro megaprojeto também para reforçar a resiliência das comunidades costeiras e dos sectores produtivos da nossa economia”, frisou.
Informou que, aproximadamente, 80 por cento deles situam-se na zona costeira, acrescentando que é um projeto que vai ser financiado pelo Fundo dos Países Menos Avançados, que também vai reforçar a resiliência das comunidades que vivem na zona costeira.
Acrescentou que já se iniciou outro projeto no âmbito da mitigação, que é o mini sistema de geração e distribuição de energia eléctrica, em pequena escala e energias renováveis.
Adiantou que, embora a emissão de gases com efeitos de estufa no país seja bastante fraca, estão também a contribuir da sua maneira para que a temperatura média global não ultrapasse os 1.5 graus centígrados.
Cassamá disse que, o projeto da Organização para a Valorização do Rio Gâmbia (OMVG), que congrega quatro países, já está a produzir energia hídrica que abastece a Guiné-Bissau, Gâmbia, Senegal e Guiné-Conacri.
“Isto vai permitir, em larga medida, a redução do uso de combustíveis fósseis para a produção de energia. A energia eléctrica vai permitir-nos atingir as metas que estabelecemos na nossa contribuição nacional determinada até 2030, que é a redução de 30% das emissões de gases com efeito estufa, até 2030. Estamos no bom caminho. Embora sejamos um país pequeno, temos estado a contribuir – à nossa maneira – para reduzir o aquecimento global”, disse.
Questionado se a sensibilização sobre as alterações climáticas e o aquecimento global do planeta está, na Guiné-Bissau, também a ser levada a cabo nas camadas mais jovens, Viriato Cassamá disse que “sim, sem sombra de dúvidas”.
“Ainda antes de irmos para COP29, nomeamos uma embaixadora jovem para o clima. Temos uma rede jovem sobre o clima que está representada em todo o canto da Guiné-Bissau”, informou.
O ministro do Ambiente, Biodiversidade e Ação Climática disse que, na Guiné-Bissau, os jovens representam 60 por cento da população e que têm estado a trabalhar muito essa camada jovem, e diz que, com o apoio da UNICEF conseguiram trazê-la à este barco, porque antigamente trabalhavam mais com o PNUD e outras organizações.
“A UNICEF agora está a colaborar com o Ministério do Ambiente, Biodiversidade e Ação Climática e fizemos um estudo relativamente ao impacto das alterações climáticas nos jovens. Temos estado a difundir este relatório com o apoio da UNICEF e com o apoio desta rede recém-criada de jovens”, afirmou.
Acrescentou que não é por caso que o Fundo de Partes e Danos foi acertado entre todas as partes na penúltima Cop.
“A decisão de criar um fundo para perdas e danos foi tomada na COP 27, em 2022, em Sharm el- Sheikh, no Egipto), penso que a ausência dos países, como Estados Unidos da América, da França em peso, Alemanha e até da Rússia, fez com que continuemos esta discussão nas próximas COP’s”, disse.
Viriato Cassamá disse que a ausência desses países no Azerbaijão não é falta de vontade política de continuar a combater as alterações climáticas, diz que provavelmente tem a ver com a relação desses países com a República do Azerbaijão.
“Não há a participação ativa dos chefes de Estado, mas a delegação francesa está representada, e a dos EUA também está representada, não por figuras de proa, mas está muito bem representada sob ponto de vista negocial”, afirmou.
A COP 29 deve terminar no próximo dia 22 de Novembro.