Bissau, 21 Out 21 (ANG) – Dez anos depois da morte de Muammar Kadhafi pelos seus opositores armados, a Líbia mergulhada no caos político e militar, continua a lutar para superar o clima de violência que prevalece no país do norte de África.
Um ano após o cessar-fogo e o processo de paz, encetado sob a égide das Nações Unidas, as divisões políticas subistem no que diz respeito ao futuro da Líbia.
Muammar Kadhafi, que estava foragido depois da intervenção da NATO, foi detido por um grupo de opositores armados na sua cidade natal de Sirto e foi abatido a 20 de Outubro de 2011, depois de ter sido torturado.
Kadhafi que governava a Líbia com uma mão de ferro há 42 anos, após o golpe de Estado militar de 1969, durante o qual foi derrubada a monarquia liderada pelo rei Idris I, considerava-se um revolucionário árabe e herói africano que se revelou impiedoso com a oposição.
Antigo estudante de direito, antes de enveredar por uma carreira militar e chegar ao poder aos 27 anos no dia 1 de Setembro de 1969, panafricanista convicto, Muammar Kadhafi foi também influenciado pelo « socialismo árabe » do egípcio Gamal Abdel Nasser.
Em 2011 ele foi afastado do poder por uma rebelião inspirada pela chamada « Primavera Árabe » e apoiada pela NATO.
A morte de Kadhafi, a 20 de Outubro de 2011, não trouxe à Líbia as almejadas democracia e estabilidade. Pelo contrário prevaleceu um caos militar e político, caracterizado por uma luta entre facções armadas.
Segundo os analistas o processo de paz marca passo e a eleição presidencial de 24 de Dezembro de 2021, assim como as legislativas de Janeiro de 2022 não deveriam pôr um termo à longa crise Líbia.
O país norte-africano continua dividido segundo linhas regionalistas e ideológicas e de acordo com o académico líbio Mahoud Khalfallah, as eleições estão longe de ser o remédio que vai curar o mal líbio.
A incerteza do futuro, dez anos depois, leva alguns sectores da população líbia a glorificar Muammar Kadhafi e a afirmar que, durante a vigência do líder da Jamahira (República Popular Socialista Árabe) os líbios eram os donos do seu próprio destino.