Bissau, 12 Jul 23 (ANG) – O Diretor-geral do Plano, Issa Jandi afirmou que a desigualdade de género ainda mantém muitas mulheres e meninas fora das escolas, dos cargos de liderança e muitas das vezes limita as suas capacidades de tomar decisões sobre a sua saúde e vida sexual reprodutiva.
As afirmações do DG do Plano foram feitas , terça-feira, na cerimónia de celebração do Dia Mundial da População assinalado terça-feira, 11 de julho, uma data proclamada pelas Nações Unidas em 1987.
A data foi celebrada este ano sob o tema: “Libertar o poder da igualdade de género:envolvendo as vozes das mulheres e meninas para desvendar as infinitas possibilidades do nosso mundo”.
Issa Jandi acrescentou que a desigualdade de género existe quase em todos os países do mundo, particularmente, em países em vias de desenvolvimento, sustentando que na Guiné-Bissau é mais visível e notória em todos os setores, entre os quais, social, político e económico.
Justificou que no setor social, apesar dos esforços empreendidos pelo governo, em parceria com os Parceiros Técnicos e Financeiros (PTFs), em matéria de saúde reprodutiva, a mulher continua a não ter poder de decisão sobre a sua saúde sexual e reprodutiva, na maioria das comunidades do país.
“No domínio político, apesar do aumento da quota de paridade nas listas eleitorais para 36 por cento, a representatividade de mulheres nos órgãos de tomada de decisão continua baixa e insignificante”, frisou.
Jandi citou o relatório síntese sobre o emprego e setor informal produzido em 2017/2018, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que demonstra que as mulheres constituem 50,4 por cento da principal força no setor informal e na agricultura contra 49,6 dos homens, mas que continuam a não ter poder económico sólido sobre os seus rendimentos, para criar uma resiliência e sustentabilidade económica.
“É necessário promover a igualdade de género para ajudar a realizar os sonhos e desejos de 8 bilhões de pessoas”, disse.
Jandi encorajou a continuidade dos esforços do governo e seus diferentes parceiros na elaboração e implementação de várias políticas sociais a favor da família, proteção da infância, equidade e igualdade de género, estratégia nacional de inclusão das pessoas com deficiência e albinos, salientando por outro lado que as mulheres desempenham um papel preponderante na estabilização e busca de consenso para a paz e segurança à todos os níveis.
Para o Representante do Fundo das Nações Unidas para População (FNUAP), Jocelyn Fenard, capacitar as mulheres e as raparigas através da educação e do acesso à métodos contracetivos modernos, ajuda a apoiá-las nas suas aspirações e a traçar o caminho da sua própria vida.
Disse que mais de 40 por cento das mulheres em todo o mundo não podem exercer o seu direito de tomar decisões tão fundamentais como a de ter ou não ter filhos, quantos filhos e com quem querem ter filhos.
Jocelyn Fenard avançou que a taxa de prevalência de contracetivos modernos no país é de 21,2 por cento, enquanto a necessidade não satisfeita de planeamento familiar é de 22 por cento, e com diferenças significativas nas regiões.
Para este diplomata, a solução para reconhecer os direitos das mulheres e das raparigas como fundamentais para o desenvolvimento global é clara, e visa acelerar o avanço da igualdade de género através do acesso à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos, a melhoria da educação, de políticas laborais adequadas e de normas equitativas no local de trabalho e em casa.
Fenard exorta os políticos e meios de comunicação social a abandonarem narrativas, segundo diz, “exageradas” sobre aumento da população.
“Em vez de perguntar a que velocidade as pessoas se reproduzem, os líderes deveriam perguntar se os indivíduos, especialmente as mulheres, são capazes de fazer livremente as suas próprias escolhas reprodutivas. Uma pergunta cuja resposta, demasiadas vezes, é não”, referiu o Representante do Fundo das Nações Unidas para População no país, Jocelyn Fenard.
O evento alusivo à comemoração do Dia Mundial da População, organizado pelo governo através do Ministério da Economia, Plano e Integração Regional, em parceria com o FNUAP contou com a presença da ministra da Educação Nacional, representantes de algumas Embaixadas e outras personalidades.
Na ocasião foi apresentado, em resumo, o relatório dos inquéritos feitos pelo FNUAP nas diferentes localidades sobre a situação das mulheres, e também uma peça teatral sobre o casamento precoce e forçado, em que as opiniões das mulheres são ignoradas.