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Fogo: Disponibilidade de água para sector agropecuário é investimento – presidente da Associação Ka Djidja


  14 Juillet      68        Agriculture (4307), Environnement/Eaux/Forêts (7281),

 

São Filipe, 14 Jul (Inforpress) – A disponibilidade de água para o sector agropecuário não é um gasto, mas um investimento, defendeu quinta-feira o presidente da Associação “Ka Djidja”, Pedro Matos, no fórum de desenvolvimento local cujo tema é “Mundo rural no centro”.
A questão da disponibilidade de água, o desenvolvimento sustentável no meio rural, tecnologias agrícolas, empreendedorismo local a nível de agricultura foram analisadas no fórum promovido pela organização da II edição da “Festa do Queijo” da localidade de Monte Grande para discutir a problemática da agropecuária e o mundo rural.
O presidente da associação “Ka Djidja” disse que o fórum conseguiu identificar as lideranças locais com maior demanda e desafio na comunidade, permitindo-lhes expor os seus desafios a partir de espaços que ocupam, contando com pessoas que trabalham nas instituições ligadas ao tema.
A disponibilidade da água para agropecuária, segundo o mesmo, nunca mereceu a atenção devida e para as zonas altas as instituições argumentam que representa um custo elevado.
“O que estamos a tentar combinar em termos de agenda e de perspectiva é a inversão da lógica da proposta e em vez de ver água apenas para abeberamento dos animais é necessário pensar na sua utilização para produção de pastos de qualidade para os animais”, defendeu Pedro Matos, observando que existem regras bem definidas para o uso da água e que no fim da linha a água conflui na segurança alimentar, representando assim um investimento e não um custo económico.
Segundo o mesmo, neste momento, as pessoas vêem a água apenas no seu aspecto monetário, mas a política da disponibilidade da água não pode ser vista somente como benefício económico, porque, explicou, a água transforma a qualidade de vida de uma pessoa e garante a dignidade humana que não tem preço.
O delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA), Estevão Fonseca, que participou do fórum defendeu a necessidade de se aplicar práticas cada vez mais sustentável, apostando nas tecnologias disponíveis para com menos água ter mais produção agrícola e no campo da pecuária apostar nos animais com maior potencial produtivo para que os criadores tenham mais rendimentos.
Defendeu ainda a necessidade dos criadores se organizarem, seja através de pequenas empresas familiares como na constituição de cooperativas agrícolas, para produção em escala e alcançar o mercado com maior dimensão.
O delegado do MAA apontou várias oportunidades existentes, desde linha de crédito para o sector agrícola, no valor de 300 mil contos disponível aos agricultores, criadores e jovens que querem apostar no sector, mas lembrou que para tal é fundamental a organização e formalização das actividades.
“O Fogo é reconhecido como ilha com enorme potencial neste sector e tem sido feito investimento na mobilização de água, na logística agrícola, na formação para melhorar conhecimento, importação de sementes de variedades agronómicas com maior potencial produtivo e apostado em animais com maior potencial produtivo”, referiu.

“Há um nicho de produção de queijo que é uma cadeia de valores que precisa ser trabalhada e estruturada para ser um produto diferenciador e com mais qualidade”, advogou Estevão Fonseca, para quem toda a produção deve basear numa lógica sustentável e responsável porque a ilha é Reserva da Biosfera.
Já Paula Silva, debruçou sobre os objectivos de desenvolvimento sustentável no meio rural, observando que o desafio do desenvolvimento agropecuária, de forma indirecta promove 11 dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Segunda a mesma, a comunidade tem desafios enormes porque tem grande dificuldade de acesso à água e sem água o desenvolvimento da pecuária fica comprometido, mas congratulou-se com o facto de a comunidade estar a trabalhar na certificação do seu queijo.
O desenvolvimento da cadeia de valor do queijo, desde a produção, certificação e comercialização, a ligação da produção do queijo ao turismo são outros desafios que podem trazer rendimento e melhoria de qualidade de vida, mas é necessária a organização em associação ou cooperativa.
Silvestre Teixeira e Virgínia Fernandes, dois pecuaristas da comunidade e que participaram no fórum, destacaram a importância do evento no desenvolvimento e valorização do queijo.
Quer um como o outro defendem que os criadores devem mudar a consciência para se organizarem porque, sublinham, de forma isolada, nunca conseguirão ultrapassar as suas dificuldades.
A Festa do Queijo prossegue hoje com a definição da Rota do Queijo no percurso Chã das Caldeiras, Ponto Alto com passagem nas áreas de criação de animais, estando o término programado para sábado, 15, com exposição/venda de queijo e de outros produtos agropecuários, convívio e concurso do melhor queijo de 2023.

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