São Filipe, 24 Jul (Inforpress) – A deputada do PAICV pelo círculo eleitoral do Fogo Eva Ortet considerou que o Governo “abandonou o sector da agricultura” desde 2016 e que “não existe nenhum investimento digno de registo” na ilha.
A parlamentar, que terminou domingo, 23, uma visita ao círculo para preparar o debate sobre o estado da nação e retratar o estado da ilha do Fogo, referiu que como “não existe nenhum investimento digno”, o Governo brindou a ilha no sábado, 22, com a inauguração do agora chamado “projeto hidroagrícola de Outra Banda”, descartando o projecto agrícola de Santo António, porque foi um projecto lançado pelo anterior governo.
“Tudo que vem da governação anterior é liminarmente esquecido e abandonado”, declarou Eva Ortet, apontando outros exemplos de abandono como os casos do Centro pós colheita de São Filipe, que está “em degradação contínua”, e o sistema de energia solar para bombagem de água de Patim, porque há uma “birra do ministro em não valorizar os investimentos feitos pelo anterior governo”.
A mesma recordou que o sistema de energia solar vinha funcionando e que apesar de surgir um problema que precisava ser monitorado, desde a sua inauguração estava a fornecer energia às redes da Electra em cerca de 80 % da sua capacidade e havia negociações com a empresa construtora para afinar o funcionamento, mas foi interrompido pelo actual Governo.
A ilha do Fogo, explicou, foi beneficiada em 2010 com um programa de mobilização de água com o projecto de captação, adução e distribuição de água para a Zona Sul e que a fase seguinte era repor algumas falhas e alargar o sistema até o município de Santa Catarina e zona norte do Concelho de S. Filipe.
“A narrativa que este governo já investiu cento e tal mil contos no projecto agrícola de zona sul foi para repor a funcionalidade e dar continuidade ao projecto”, acusou.
“O Governo praticamente abandonou este sector desde que assumiu o poder em 2016 e passou esta responsabilidade para Águabrava. Hoje, a qualidade de água, mesmo para consumo, é de má qualidade em vários furos. Para rega estão a disponibilizar, em algumas zonas, água salgada, destruindo e secando as culturas”, afirmou Eva Ortet, destacando que a população “exige mais e melhor deste Governo” porque todos os sectores de desenvolvimento acusam um retrocesso.
Com a visita, a deputado pretendia aprofundar e conhecer melhor os problemas ligados ao sector da saúde e da energia, mas os encontros solicitados com a delegacia da Saúde e com o delegado da Electra “foram ignorados”, mas salientou que já estão habituados com “atitudes da maioria em sonegar informações aos deputados”.
“Assistimos a um verdadeiro show ministerial por estes dias na ilha do Fogo, inaugurando obras inacabadas e lançando novas promessas para poderem voltar e fazer mais inaugurações, dando ideia de que estão a fazer muito para o Fogo, mas a população não se deixa enganar”, disse.
Com relação à Electra, a deputada lembrou que a ilha se depara com “apagões frequentes” desde o passado mês de Março e com “consequências graves” para o abastecimento de água.
A Central Única do Fogo, a terceira do País, um investimento de 5,8 milhões de euros, começou a funcionar em 2016 para reforçar a capacidade de distribuição de energia na ilha, tendo sido equipado com dois novos grupos electrogéneos, totalizando 3.200 KW de potência, agregando aos 2.600 KW de potência de outros dois grupos electrogéneos que existiam, passando a ilha a dispor de 5.800 kilowatts de potência.
No sector da saúde, o problema dos recursos humanos continua e assiste-se agora à retirada de médicos dos outros centros de saúde da região, nomeadamente Brava, Mosteiros e Santa Catarina do Fogo para cobrir o Hospital Regional São Francisco de Assis. Conforme a parlamentar do maior partido da oposição.