Cidade da Praia, 11 Abr (Inforpress) – O PAICV disse hoje que foi apanhado de “surpresa” com o cancelamento do debate previsto para este domingo entre os partidos concorrentes em todos os círculos eleitorais do País.
“Esta informação apanhou a todos de surpresa e indicia que alguma mão invisível possa estar por detrás desta decisão inusitada e despropositada que choca, claramente, com os valores e propósitos da democracia que pretendemos construir nestas ilhas”, lê-se no comunicado chegado à Inforpress.
Para o PAICV, em todas as democracias consolidadas os debates entre os principais concorrentes são “fundamentais para esclarecer os eleitores e contribuir para uma decisão consciente no momento da escolha daqueles que deverão conduzir os destinos do País”.
“Coincidência ou não, o cancelamento deste debate acontece também no momento em que se regista, no terreno, um claro crescimento de apoio às propostas e à candidatura do PAICV, em detrimento da candidatura do MPD”, realça ainda o comunicado dos tambarina, acrescentando que, não havendo o debate, isto é “muito conveniente” para o MPD que tenta esconder as “fragilidades” de Ulisses Correia e Silva “em justificar o não cumprimento das suas promessas anteriores”.
A decisão da CNE em impedir o referido debate surgiu na sequencia de uma queixa interposta pelo Partido do Trabalho e Solidariedade (PTS), segundo a qual no debate que acontece a uma semana das eleições devem participar todos os partidos e não apenas os que concorrem em todos os círculos eleitorais.
Na perspectiva da CNE, realizando o debate durante a campanha eleitoral deve-se garantir “tratamento igual a todas as candidaturas concorrentes às eleições legislativas de 18 de Abril, quer quanto ao tratamento jornalístico, quer quanto ao volume de espaços concedidos”.
Para os directores da rádio e televisão públicas, Nélio dos Santos e Waldemar Pires, respectivamente, a decisão da CNE “contraria o regulamento dos debates socializados e aprovados por cinco dos seis partidos políticos concorrentes”, pelo que os dois órgãos de comunicação social públicos “não vão realizar o debate previsto para este domingo e que deveria contar com os líderes dos partidos que concorrem em todos os círculos eleitorais”.
Os dois responsáveis “não assumem nenhuma responsabilidade pela não realização do terceiro debate, tal como estava desenhado no regulamento aprovado e dado a conhecer presencialmente, pelas direcções dos dois órgãos, aos membros da Comissão Nacional de Eleições, no dia 09 de Março de 2021”.
Às legislativas do dia 18 para eleição de 72 deputados em 13 círculos eleitorais, dos quais dez no País e três na diáspora, concorrem seis partidos – PAICV, MpD, UCID, PTS, PSD e PP.
PAICV, MpD e UCID concorrem em todos os círculos, PP em seis círculos (Santiago Sul, Santiago Norte, Boa Vista e os três da diáspora), PTS também em seis círculos (São Vicente, Santiago Sul, Santiago Norte e três diáspora), e PSD em quatro círculos (Santiago Norte, Santiago Sul, América e África).
As últimas eleições legislativas em Cabo Verde ocorreram no dia 20 de Março de 2016, tendo o Movimento para a Democracia (MpD) vencido com maioria absoluta, ao eleger 40 deputados, o PAICV 29 e a UCID três.