Lisboa, 12 Dez (Inforpress) – Cabo Verde é reconhecido pelos avanços alcançados nas áreas sociais e económicas, apesar de enfrentar desafios significativos no âmbito da educação, emprego e formação profissional, conforme dados do relatório “Dinâmicas do Desenvolvimento em África 2024”.
A edição portuguesa do relatório “Dinâmicas do Desenvolvimento em África 2024” com foco em competências, emprego e produtividade”, foi hoje apresentado na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, pela directora do Centro de Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Ragnheiður Elín Árnadóttir.
A apresentação do relatório elaborado pela OCDE e parceiros, teve também intervenções do chefe da divisão de Políticas Económicas e Desenvolvimento Sustentável da Comissão da União Africana, Patrick Olomo, e do chefe da unidade para África, Europa e Médio Oriente da OCDE, Arthur Minsat.
O documento sublinhou que Cabo Verde enfrenta desafios relacionados à educação, em que a taxa de conclusão do ensino secundário entre adultos com mais de 25 anos é de apenas 29,5 por cento (%), ligeiramente abaixo da média africana de 30,4%.
“A resolução das disparidades educativas e da escassez de professores é crucial para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) [Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe]. Em Moçambique, a taxa de conclusão do ensino secundário entre estudantes com mais de 25 anos é de 15%, em comparação com 28,9% em Angola, 29,5% em Cabo Verde e 38,9% em São Tomé e Príncipe”, indicou.
A educação técnica e profissional surge como uma solução para preparar os jovens para o mercado de trabalho, de acordo com o relatório, contudo, Cabo Verde ainda enfrenta um “alto índice” de desemprego jovem dos 15 aos 24 anos, que atinge 28% em 2024, enquanto a taxa é de 4% (Guiné-Bissau).
Por outro lado, o relatório sublinhou o facto de Cabo Verde apresentar uma das melhores taxas de qualificação entre os trabalhadores na África Ocidental, apesar dos desafios, mas que cerca de 37% dos trabalhadores estão em funções para as quais não possuem as habilitações adequadas.
“Aproximadamente 37% dos trabalhadores em Cabo Verde não possuem o nível de qualificação adequado para os empregos que ocupam, o que representa um dos melhores resultados comparado a outros países da região, com a taxa a variar consoante país”, apontou, apresentando o exemplo do Gana que tem uma taxa de 45%, ultrapassando os 90% do Burkina Faso e do Mali.
Um ponto de destaque é o memorando de entendimento assinado entre Cabo Verde e Portugal em 2023, que visa melhorar a formação profissional e atrair talentos, de acordo com o relatório, dotando os jovens cabo-verdianos com competências transferíveis, mas também atrair talentos de outros países dos PALOP em seis áreas estratégicas: metalurgia, digital, construção civil, sector social, turismo e transição energética.
A sessão de abertura da apresentação da edição em português do relatório contemplou uma alocução do secretário Executivo da CPLP, Zacarias da Costa, e a intervenção do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal, Nuno Sampaio, numa mensagem em vídeo, já que se encontra de visita a Cabo Verde.
O evento incluiu, ainda, as intervenções do economista chefe do Banco de Fomento de Angola, José Miguel Cerdeira, e do chefe de unidade para Parcerias Estratégicas com África e OACPS da Comissão Europeia, Domenico Rosa, e a sessão de encerramento contou com a intervenção da presidente do Instituto Camões, I.P., Florbela Paraíba.