Cidade da Praia, 27 Set (Inforpress) – A Presidente da Associação Cabo-verdiana dos Surdos (ACS), Helena Augusta Tavares, disse esta segunda-feira que tem sido difícil a alfabetização dos surdos-mudos em Cabo Verde, devido a falta de profissionais intérpretes da língua gestual.
Helena Augusta, que falava aos jornalistas hoje no quadro da abertura oficial de uma Agência de Turismo inclusivo para facilitar a comunicação com os turistas, disse que as dificuldades começam já no ensino básico porque não interpretam e os professores não conseguem comunicar com os alunos surdos-mudos.
“Só conseguem ter intérpretes no liceu”, disse, adiantando que muitos alunos chegam ao liceu sem conhecerem a língua gestual.
Helena Augusta Tavares, que foi a primeira cabo-verdiana surda-muda que se licenciou em Cabo Verde, adiantou que os mesmos intérpretes que existem no país não sabem o básico.
“Por exemplo, as pessoas que fazem de intérpretes conhecem poucos gestos e há muitas palavras e poucos gestos. Alguns até conseguem concluir o liceu, mas não conseguem entrar para a universidade porque não sabem escrever o português”, lamentou.
Neste sentido, defendeu que é preciso que as pessoas entrem para universidades para estudarem durante quatros anos para sempre profissionais intérpretes de língua gestual.
“Os intérpretes sabem apenas o básico porque as palavras são muitas, mas não há gestos. Por isso tem sido difícil. Precisamos que as pessoas ingressem nas universidades e estudem durante quatro anos para depois poderem acompanhar e ajudar. Porque não temos profissionais que são intérpretes de língua gestual”, declarou.
Foi aberta, esta terça-feira na cidade da Praia, uma agência de turismo, virada para o turismo inclusivo dos surdos-mudos em
Cabo Verde, uma iniciativa de um jovem surdo-mudo, Gracelindo Monteiro, que quer melhorar a comunicação com os turistas que visitam Cabo Verde e ao mesmo tempo dar trabalho aos surdos.
A Agência fica localizada no bairro do Palmarejo.