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Saneamento/Como campeonato de limpeza está a mudar bairros de Bissau.


  13 Mai      24        Environnement/Eaux/Forêts (7006),

 

Bissau, 13 Mai 24 (ANG) – O campeonato de limpeza em que participam mais de 30 bairros da capital guineense-Bissau, que outrora, dizem, foi considerada a cidade mais limpa da África Ocidental , já vai no seu 7º mês.

Limpar o bairro,alguns grupos já o faziam,mas agora o fazem com maior ambição.

”Até ao fim do campeonato queremos deixar o Reno em melhores condições higiénicas”, disse Michel Gomes, presidente da Associação de Moradores do Bairro de Reno(AMBR).

Passados seis meses de campeonato Gomes diz que já se denota algum efeito das ações de limpeza levadas a cabo pelos moradores. Reconhece contudo que, o que resta fazer é maior do que já se limpou. Diz que a maior dificuldade é mudar a mentalidade dos moradores em relação ao tratamento de lixos.

“Reno é hoje diferente. Tem depósitos de lixos nas ruas, já não se deita lixos de qualquer maneira como dantes. As valetas estão sempre limpas”, diz Michel.

Não se sabe, por enquanto, quanto tempo pode durar esse ambiente de comunidade de Reno limpo que se criou. A produção de lixos não pára.

”Estamos a sensibilizar os moradores. Muitos já colaboram, inclusive crianças”, disse Michel. Contou que agora no bairro quem deitar uma garrafa de água vazia no chão aparece sempre uma criança que o diz”:”agora não deitamos o lixo no chão, colocámo-lo na lixeira”. Se for uma garrafa ou saco de plástico a criança pega, a frente de quem deitar, e coloca na lixeira.

Foto Reno(« Valetas sempre limpas »)
No Reno os trabalhos semanais de limpeza do bairro está a ser acompanhadas de ações de sensibilização de moradores sobre as formas de tratamento de lixos.

“O lixo pode também servir para alguma coisa.Os vidros são agora aproveitados para produção de blocos, e se for lixo ôrganico pode servir de estrume,para aqueles que têm canteiros nos seus quintais”, diz Michel Gomes.

Entre os moradores, diz Michel ,os mais velhos têm participado mais que os jovens nos trabalhos de limpeza. A participação dos jovens é ainda fraca por isso ainda não se concluiu a limpeza de todo o bairro. Michel admite que essa fraca participação da juventude do bairro se deve ao que considera de “falta educação social”. Sustenta dizendo que cada um se preocupa mais com seu proveito pessoal em detrimento do proveito coletivo, o que não está bem .

“Se eu não cuidar do lixo o meu irmão pode se infectar e me contaminar em casa”.

Disse que não são os cinco milhões em disputa que os anima nesse campeonato de limpeza inter-bairros. Até porque andam zangado por algumas situações em relação as quais aguardam uma resolução por parte da Câmara Municipal de Bissau(CMB), entidade que organiza a competição. Queixa-se da falta de equipamentos para se fazer limpeza nas valetas,(luvas, galojas) de falta de meios de transporte para remoção de lixos. Diz que não são suficientes as viaturas disponibilizadas pela CMB para o efeito.

O bairro tem seis ruas, e as dificuldades de remoção de lixos são mais sentidas na parte alta do bairro, muito distante da zona onde se encontram recipientes da CMB para depósito de lixos . A acumulação de lixos que aguardam carros de remoção tem já provocado protestos de alguns moradores devido os maus cheiros que produzem.

Para solucionar dificuldades de viaturas para evacuação de lixos para o vazadouro, a associação está a pedir apoios financeiros de moradores.

Semanalmente, a CMB seleciona dois ou mais bairros que disputam a limpeza. Os fiscais da CMB visitam os bairros em disputa e dão pontuação. Michel Gomes disse que ganharam contra Antula ,por falta de comparência deste mas que perderam contra Flefé, que obteve mais de 180 pontos contra os seus 82.

Limpar, plantar e embelezar

Noutro bairro concorrente, distante do de Reno, foi uma criança, de nove anos de idade, que no sábado(3) empunhou uma megafone, acompanhado de dois colegas, que anunciava de rua à rua: “Nô stá na limpeza de bairro. Tudu djinte dibe de participa(estamos na limpeza do bairro. Toda a gente deve participar). Criança na mobilização de adultos para a limpeza, a participação não podia ser outra. Foi mais um dia de limpeza no bairro de Tchada, a pensar no período das chuvas que se aproxima . Quem diz das chuvas diz de mosquitos e de mais paludismo, que chega a ser principal causa de doença sazonal, principalmente das crianças.

Há muito que os tchadianos se convenceram de que manter o bairro limpo trás mais saúde.

“Bairro limpo evita muita coisa. O período das chuvas se aproxima e vem com cólera e paludismo. Se o bairro estiver limpo, os mosquitos não terão onde viver e reproduzir para infectar as pessoas.”, diz Walter Mendonça, presidente da Associação de moradores de Tchada, um dos bairros que limitam o centro da cidade de Bissau. Já não tem água podre infectada que corre do Hospital Nacional Simão Mendes para o interior do bairro. O campeonato inter-bairro de limpeza encontrou-os na limpeza semanal. “À esta altura já podemos dizer que temos limpo metade do bairro”, diz Mendonça,que entretanto não sabe dizer a quantidade de lixo já retirado. Aliás nenhuma associação de moradores sabe precisar quantas toneladas de lixo já retiraram dos bairros.

Foto Tchada – “Tudu djinte dibe de participa”O que falta limpar são zonas de maiores produção de lixos, do interior do bairro: gâ Balanta, Tchada de bás, zona de Coqueiros.
Wilson Mendonça diz que não vão ficar apenas na limpeza do bairro, que vão entrar na ornamentação, com plantações de árvores, pintura das bermas das estradas e construção de jardins. “Queremos limpar, plantar e pintar e embelezar”, disse para acrescentar que mesmo que não ganhássemos qualquer prémio, Tchada vai tranformar-se num bairro limpo com zonas bonitas e agradáveis para se descansar. “Mas tudo isso são projetos para os quais necessitamos de apoio financeiro”, diz Mendonça.

Para manter o bairro limpo não basta o campeonato de limpeza em curso. Wilson Mendonça e seus companheiros sabem disso. Aponta um tanque de lixo ali perto a derramar e brinca: “se o lixo fosse dinheiro teríamos muito dinheiro na Guiné-Bissau”. Disse que o tanque recebe, na calada da noite, lixos de outros bairros transportados por desconhecidos, em viaturas particulares.

Disse que mesmo que o campeonato terminar vão ter a necessidade de prosseguir com campanhas de sensibilização das pessoas sobre a necessidade de tratamento de lixos. Aliás disse que tem na CMB um pedido de formação sobre tratamento de lixos.

“ A nossa gente,muitas vezes mistura escamas de peixe com água suja,sacos de plásticos, restos de comida, papel…provocando maus cheiros que acabam por contaminar outras pessoas”, diz Mendonça. Quer que os moradores passassem a se preocupar com a separação de lixos: garrafas à parte, sacos de plasticos, papeis, tudo separado.

O campeonato interbairros de limpeza deve durar 14 meses, mas os moradores de Tchada acham que é muito tempo. Estão agora a tentar obter uma redução para pelo menos seis meses, com possibilidades de se realizar a segunda fase

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