Mindelo, 03 Jun (Inforpress) – Raquel Sousa é uma das poucas mindelenses a praticar a modalidade do tecido acrobático, que começou há poucos anos a sair do meio circense e ganhar novos palcos, e pela qual se apaixonou “logo de caras”.
Figuras, torções, inversões e quedas enrolados em um longo tecido são algumas das acrobacias que a atleta Raquel Sousa, 27 anos, começou a aprender na modalidade, que descobriu em 2020.
“Dizem que o tecido acrobático é só conhecermos que nos apaixonamos e foi o que aconteceu comigo”, sublinhou a atleta, que disse ter sido uma “menina traquina” desde tenra idade.
Isto porque sempre foi uma criança “muito activa”, que adorava praticar exercícios físicos, especialmente a dança, e que dava “dores de cabeça” à mãe, quando saltava paredes do quintal da casa para ir treinar
Natural da ilha do Sal, há dez anos que Raquel Sousa tomou Mindelo como sua casa e onde desenvolveu ainda mais as suas habilidades, tanto na dança, mais precisamente no ‘break dance’, mas também na acrobacia, com a adesão ao grupo Acrobatas de Pedra Rolada, em 2015.
“Sempre dancei, desde o Sal, comecei pelo tradicional e depois ganhei gosto pelo hip-hop, mas o ‘break dance’ foi aqui em São Vicente, onde vi realmente coisas diferentes e pessoal mais evoluído. Aqui comecei a ter mais interesse e vendo mais vídeos”, contou, lembrando de “muita gente” que a ajudou, mas também de “muita coisa” pela qual “ralou” para aprender sozinha.
Entretanto, no tecido acrobático, ou dança aérea ou acrobacia aérea, Raquel Sousa teve o primeiro contacto através do Carnaval, quando respondeu a um anúncio do grupo Vindos do Oriente, que precisava de alguns acrobatas para o desfile, em 2020, o último realizado, devido à pandemia.
“Como sou uma pessoa que gosta de desafios, disse logo que sim”, enfatizou a jovem, adiantando ter aprendido, juntamente com a colega Edlaine, as habilidades em “apenas um mês”, através de tutoriais no Youtube, mas também por causa da experiência com a acrobacia e dança.
“Depois fiz o desfile e toda a gente gostou, dizendo ser coisa que só tinham visto na televisão e aí nunca mais parei”, relatou Raquel Sousa, que recebeu como oferta os tecidos do desfile do grupo Vindos do Oriente para passar a exercitar.
Neste percurso ainda encontrou algumas “aliadas”, como a amiga Whitney, dançarina e que também tinha por sonho aprender tecido acrobático, e a directora da Academia Livre das Artes Integradas do Mindelo (ALAIM), Janaína Alves, que cedeu espaço para poderem treinar e futuramente para dar aulas.
Agora, Raquel admite sentir-se “em casa” e no seu mundo quando está pendurada nos ares, e, por isso, quer “aprender mais e mais”.
Inclusive recebeu um convite de um amigo cabo-verdiano residente em Portugal para concorrer a uma bolsa de estudo para o Instituto Nacional de Arte Circo (INAC) e, assim, quem sabe, admitiu, aprimorar-se nesta arte, antes somente do circo, mas que começa a ganhar outros palcos.
Contudo, Raquel Sousa ainda está a ponderar, pois tem de colocar de um lado da balança esta “paixão recente” e no outro “largar tudo” que tem aqui em Cabo Verde, entre os quais a sua filha de 04 anos, o emprego de engenheira civil, área da sua formação, e “outras coisas” que começa a ganhar na vida.