Cidade da Praia, 30 Jul (Inforpress) – O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) considera que os sobreviventes do tráfico humano são “actores-chave” na luta contra este tipo de crime que vitimiza anualmente mais de 800 mil pessoas.
A agência das Nações Unidas elegeu este o tema mundial” As Vozes das Vítimas Lideram o Caminho”, para assinalar o Dia Mundial da luta contra o tráfico de pessoas, que se assina hoje, de forma a sublinhar a importância de ouvir e aprender com os sobreviventes do tráfico de pessoas, explica um comunicado de imprensa enviado à Inforpress.
“Os sobreviventes são actores-chave na luta contra o tráfico de seres humanos. Desempenham um papel crucial no estabelecimento de medidas eficazes para prevenir esse crime, identificando, resgatando e apoiando as vitimas no seu processo de para a reabilitação”, precisou a mesma fonte.
Segundo o documento, muitas vítimas de tráfico de seres humanos têm experimentado “ignorância ou mal-entendidos” nas suas tentativas de obter ajuda, originando experiências “traumáticas” pós-resgate durante entrevistas de identificação e no uso dos procedimentos legais.
“Algumas enfrentaram revitimização e punição por crimes que foram forçadas a cometer pelos seus traficantes. Outros foram sujeitos a estigmatização ou receberam apoio inadequado”, adianta o documento.
Por isso, a ONUDC advoga que aprender com as experiências das vítimas e transformar as suas sugestões em acções concretas conduzirão a uma abordagem mais centrada na vítima e eficaz no combate ao tráfico de seres humanos.
A agência das Nações Unidas indicou ainda que uma série de pequenas histórias de sobreviventes do tráfico de pessoas ilustrarão o impacto do seu envolvimento e a necessidade de capacitação das vítimas, tendo já algumas sido contempladas no último Relatório Global do ONUDC sobre tráfico de pessoas.
O tráfico de seres humanos constitui uma das mais graves violações de direitos humanos, na maioria dos casos transnacional e com ligações ao crime organizado.
Cerca de 72% das vítimas de tráfico humano detectadas são mulheres e meninas e, de acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, a percentagem de crianças vítimas deste crime duplicou nos íltimos anos.
A maior parte das vítimas é raficada para exploração sexual, seguindo-se o tráfico de pessoas para trabalho forçado, o recrutamento de menores para servirem como crianças-soldados e outras formas de exploração e abuso.
Em Cabo Verde, continua a ser investigado o caso de desaparecimento, desde Fevereiro de 2018, de duas crianças, Clarisse Mendes (Nina) e Sandro Mendes (Filú) que saíram de casa, em Achada Limpa, onde se encontravam na companhia da avó, para irem comprar açúcar na localidade de Água Funda, na Cidade da Praia.