Bissau, 04 Nov 21 (ANG) – O Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), instou hoje os deputados a defesa de interesses do povo que representam no parlamento.
“Infelizmente colegas deputados, transportamos para o parlamento, os nossos problemas e sentimentos partidários, e esquecemos dos nossos concidadãos que nos confiaram o mandato, e votaram em nós para os representar e advogar em seu nome e interesse”, disse Cipriano Cassamá na abertura da 1ª sessão ordinária da 10ª legislatura, que decorrerá até ao dia 15 de Dezembro.
Acrescentou que o país vive actualmente um momento conturbado, com várias manifestações de intolerância política, social, e étnico tribal, e de recusa do império da lei, frisando que tudo isso prova que, como comunidade, o país está à perder o equilíbrio entre o ser individual e o ser colectivo.
Para o líder de Bancada Parlamentar do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) Califa Seide, a ANP abre a sessão num momento em que o país se regista uma das maiores crises políticas, económica e social, durante os 48 anos da sua independência .
“Vimos a forma como as actuais autoridades, desconsideraram a data de 24 de Setembro, dia da proclamação unilateral do Estado Soberano Independente da República da Guiné-Bissau, nas Colinas de Boé, em 1973, pelos deputados da primeira Assembleia Nacional Popular (ANP) e os gloriosos Combatentes da Liberdade da Pátria”, salientou.
Segundo Califa Seide, os actuais governantes decidiram simplesmente interromper a comemoração do 24 de Setembro, para o Dia das Forças Armadas (FARP), que se assinala a 16 de novembro, o que diz ser uma tentativa de militarização do sistema político na Guiné-Bissau.
O Líder da Bancada Parlamentar do Partido da Renovação Social (PRS), Nicolau dos Santos,defendeu na ocasião que o futuro melhor que o povo guineense deseja tem que passar por um esforço comum, pelo que, segundo diz, não pode haver um desenvolvimento durável sem a participação activa de todos os guineenses, com base num trabalho sério e responsável.
Acrescentou que a Guiné-Bissau se encontra numa encruzilhada, mas que chegou o momento em que cada um de nós, ao seu nível, deve assumir a sua responsabilidade”, disse.
“Ou conseguirmos unir e obtermos consensos em torno de grandes objectivos para a promoção de um desenvolvimento durável e harmonioso ou continuarmos num confronto desnecessário promovendo a instabilidade social e governativa, fazendo regredir o país,, mergulhando num ambiente de caos com consequências imprevisíveis”, sustentou dos Santos..
Abdu Mané, líder de Bancada do Movimento para a Alternância Democrática Madem-G-15, sublinhou na sua intervenção que o país está a enfrentar ameaças e crises de várias naturezas, nomeadamente política, económica-financeira, migratória e climática, pelo que defende a convergência de todos os deputados no essencial, para enfrentar as respectivas crises e superá-las na base do princípio democrático.
“Porque não há nenhuma crise que seja insuperável pelo parlamento e pelo nosso sistema político. A Constituição aponta sistema de escrutínio, e de renovação de mandato, os titulares de cargos públicos e políticos devem sentar-se a mesma mesa, para o diálogo de compromissos no sentido de construir consensos alargados e necessários para assegurar o desenvolvimento sustentável do nosso país”, disse.
O parlamento inicia sessão com ameaça presidencial de sua dissolução.
Em causa está a existência de duas comissões de revisão constitucional: uma da Presidência da República e outra do parlamento, constituida por deputados, conforme reza a Constituição.
Na Ordem do Dia para as duas semanas de trabalho estão inscritos os debates da situação política e social do país, dos estatutos dos Combatentes da Liberdade da Pátria, e sobre a revisão da Constituição, entre outros assuntos