Cidade da Praia, 21 Out (Inforpress) – O especialista em nutrição Henrique Fernandes defendeu hoje um maior investimento na educação alimentar alegando ser esta a melhor forma de se precaver quanto a tendência de aumento das doenças não transmissíveis devido a má alimentação.
Henrique Fernandes fez este apelo durante a sua dissertação no seminário “Nutrição e Segurança Alimentar” realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), quando falava sobre o tema “Papel da alimentação saudável na prevenção de doenças não transmissíveis”.
“Para isso é preciso um investimento na educação alimentar, na vertente educativa, no sentido de trabalhar com as crianças sobre como devem alimentar-se bem, levando essa responsabilização também aos pais em casa por serem eles que devem seleccionar os alimentos no acto das compras debelando assim o problema”, disse.
Face a este apelo, realçou que a Fundação Cabo-verdiana de Acção Social e Escolar (Ficase) por laborar com escolas tem vindo a trabalhar “fortemente” no sentido de não só oferecer uma “alimentação mais equilibrada”, mas também a vertente da educação “alimentar e nutricional”.
“A situação actual do problema no País é favorável, mas é preciso acautelar no sentido de precaver tendo em conta a tendência progressiva que se está a ter ao longo dos anos com as doenças crónicas não transmissíveis”, afirmou.
Segundo o especialista em nutrição, que trabalha na Ficase, as doenças cronicas não transmissíveis como hipertensão arterial, diabetes, doenças cardiovasculares podem ser evitadas através de uma alimentação saudável e com a diminuição do consumo do sal, açúcar e gorduras e aumento de nutrientes como vitaminas, fibras e minerais.
Os nutrientes, por desempenharem um efeito protector, devem, segundo explicou, ser mais utilizados pelas pessoas.
Neste particular, defendeu ser este um momento oportuno para as pessoas reflectirem sobre como está a sua alimentação e a sua participação na prevenção das doenças crónicas não transmissíveis que, segundo disse, tem vitimado e contribuído para a invalidez de muitos doentes.
Confrontado sobre a situação nutricional do país, avançou que dados do Inquérito Sobre Factores de Risco das Doenças Não Transmissíveis (IDNT 2020) indicam que um terço da população cabo-verdiana já são hipertensos, que três em cada dez têm três ou mais factores de risco para proporcionar as chamadas doenças cardiovasculares.
“Por este motivo, a nossa alimentação precisa ser equilibrada visando aumentarmos o consumo de mais frutas ou minerais e reduzir o consumo de alimentos de baixo teor nutricional como sal, gordura e açúcar”, advertiu.
Desmistificou ainda o conceito de que a compra de alimentos saudáveis para uma boa alimentação possa ser cara, sustentando que com o mesmo valor monetário que se compram produtos de baixo teor nutricional se pode fazer uma alimentação muito mais saudável.
Enfatizou ainda que a única desculpa para não consumir produtos saudáveis pode ser o factor tempo, já que para preparar alimentos saudáveis é preciso dispor de tempo.
“Com menos valor monetário pode-se fazer um sumo natural e preparar lanches com aporte nutricional saudável consumindo frutas, iogurtes e outros”, afiançou.
Na sua comunicação abordou ainda a questão que tem a ver com o não desperdício e o aproveitamento integral dos alimentos, justificando que a alimentação saudável dá mais saúde às pessoas e ajudam-nas a viver mais e melhor, e com mais bem-estar.