Praia, 27 Dez (Inforpress) – António Marçal é um jovem santantonense de 26 anos que desde Setembro 2012 viajou para a China com o intuito de estudar e onde tem vindo a destacar-se com bolsas de mérito e títulos honorários.
António Marçal contou à Inforpress que em Setembro de 2012 foi um dos alunos cabo-verdianos contemplado com uma bolsa do governo chinês, através da Direcção-geral do Ensino Superior de Cabo Verde, e o primeiro ano foi dedicado somente à aprendizagem da língua chinesa.
Segundo o mesmo, estudou durante o ano e tentou aprender o máximo da língua tendo em conta que era crucial para o seu desenvolvimento académico e para a sua integração na China.
Depois passou pelo teste Nível 5 do ‘Chinese Proficiency Test’ (HSK), em apenas nove meses, e recebeu o ‘Full Attendance Award’.
Daí foi para uma outra cidade onde fez os quatro anos de licenciatura em Mecânica Promoção e Automação e, durante o período de licenciatura, contou que com o apoio dos colegas e professores, obteve bons resultados.
E não obstante as dificuldades e adversidades que os estudantes no exterior enfrentam, conseguiu uma bolsa de mérito oferecida pelo governo chinês a estudantes estrangeiros.
Além da bolsa conseguida em 2015 que, conforme explicou, é uma forma de distinção dos alunos estrangeiros que se destacam a nível da universidade e a nível nacional, recebeu também o título honorário como “aluno inspirador”, além de estágios profissionais que fez na BMW Brilliance Automotive Co.ltd.
Seguindo o percurso, em 2017 terminou a sua licenciatura e como não conseguiu logo uma bolsa de estudo conforme o planeado para continuar o mestrado, regressou para o país de origem e, enquanto trabalhava, candidatou-se de forma individual para três universidades chinesas e conseguiu entrar na Xian Jiaotong University.
Em Setembro de 2018 seguiu de novo para a China onde iniciou o seu mestrado, e já no segundo ano desta sua nova carreira conseguiu o título honorário de “aluno modelo de excelência” e uma bolsa de mérito para alunos estrangeiros, oferecida pelo governo da província de Shaanxi onde reside, que, conforme realçou, é uma distinção aos alunos estrangeiros que se destacam a nível da universidade, da cidade e da província.
Salientou ainda, que nesse ano foi o único aluno estrangeiro a conseguir estas distinções.
Questionado sobre as dificuldades enfrentadas, António Marçal apontou a língua como uma das principais dificuldades pois, conforme realçou, não era e não é essencial somente para a aprendizagem mas também para a convivência no dia-a-dia.
Além disso, falou do clima, principalmente no Inverno, em que a temperatura é sempre abaixo dos zero graus célsius (ºC) chegando aos -10ºC ou -16ºC e, para ele, “cada Inverno tem sido como se fosse o primeiro”.
Sobre a integração no meio chinês, salientou que não foi muito difícil até porque no ano de aprendizagem de língua, além de tentar aprender o máximo, tinha outros colegas cabo-verdianos, mas durante a licenciatura era o único estrangeiro da sala o que lhe permitiu uma integração “rápida, fácil e de forma natural”.
Além disso, destacou o acolhimento do povo chinês e o apoio que este lhe deu durante o processo, adiantando que, já no mestrado, a reintegração já foi mais fácil.
Sobre os prémios, este santantonense disse que sempre que concorre não faz a mínima ideia de que vai vencer pois, acentuou, são centenas de alunos por dezenas de universidades a apresentarem candidaturas.
Mas, ao receber estas distinções, diz sentir-se orgulhoso, pois é o reconhecimento de que o seu esforço valeu a pena e é a única forma que possui para compensar os seus familiares e aqueles que sempre o apoiaram neste percurso e uma forma de representar Cabo Verde com “excelência”.
Relativamente às suas expectativas para o pós-mestrado disse que prefere não avançar e lutar dia após dia e aguardar pelo que está por vir.