Cidade da Praia, 09 Fev (Inforpress) – A Cidade Velha, Património Mundial da Humanidade desde 2009, recebeu entre Setembro e Dezembro de 2021, cerca de quatro mil visitantes, no entender do presidente do IPC, fruto da retoma do circuito turístico a favor do Estado.
Em entrevista à Inforpress, Jair Fernandes explicou que o Instituto do Património Cultural (IPC), que gere Cidade Velha como Património Mundial da Humanidade, incutiu, paulatinamente, o circuito turístico, algo que será reforçado no decorrer deste ano, com a divulgação da Marca Cidade Velha, através do artesanato, uma parceria entre o IPC, Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago e os outros “stakeholders” que ali operam.
“De Setembro a Dezembro de 2021 tivemos uma assistência muito interessante de quase 4.000 visitantes. Se levarmos em devida conta a questão da covid-19 que tem sido o grande empecilho para a retoma normal da vida económica e social em Cabo Verde, no caso particular da Cidade Velha, houve um investimento por parte do Estado, através do Ministério da Cultura e das indústrias Criativas, que contribuiu para o incremento dos serviços”, considerou.
Para o presidente do IPC, esta valorização da Marca Cidade Velha terá que prever a “grandiosidade do que é ser um Sítio Património Mundial”, ou seja, não se cingindo apenas a ilha de Santiago e Cabo Verde, mas ultrapassando além-fronteiras, com uma presença assídua e constante nas feiras internacionais, através do Ministério do Turismo e Transportes e das próprias embaixadas e serviços consulares de Cabo Verde presentes um pouco por todo o mundo.
“Esta será, sem dúvida, um passo importante que falta à Cidade Velha. Não só um trabalho interno de valorização deste legado, mas também saber vender a Marca Património Mundial fora de Cabo Verde”, garantiu, indicando, por outro lado, que o IPC já está a trabalhar os termos de referência para o lançamento de um concurso de concepção do Roteiro da Cidade Velha, a ser concluído até o final do ano.
Para este projecto, conforme o responsável, já há algumas garantias, não só a nível de estabilização do fluxo turístico, mas da “própria dinâmica que se quer para a Cidade Velha, que não visa apenas a reabilitação do património, mas também a criação de uma agenda cultural permanente e dinâmica”.
Esta agenda, segundo o presidente do IPC, terá em devida conta as parcerias locais, nomeadamente com a Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago (CMRGS) e com os operadores turísticos que têm tido um “papel de grande relevância” na Cidade Velha.
Para 2022, Jair Fernandes fez saber que o Sítio Património Mundial vai também iniciar “dois grandes projectos” que contarão com a parceria da autarquia local, que é a reabilitação e valorização do Forte São Veríssimo, co-financiado pelo Fundo Africano do Património Mundial, no valor de cerca de 15 mil dólares, e o projecto de musealização da Capela de Nossa Senhora Conceição
“A musealização da Capela de Nossa Senhora Conceição, uma parceria com o Camões Instituto da Língua Portuguesa e da Cooperação é, a exemplo do que fizemos com a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em articulação com universidades estrangeiras”, contou, acrescentando que este projecto também já conta com financiamento.
Entre as universidades estão a de Cambridge, de Londres (Inglaterra), o Instituto Politécnico de Tomar, a Universidade Portucalense e a Universidade Nova de Lisboa (Portugal), que são, conforme Jair Fernandes, “parceiros tradicionais” e que mostraram-se disponíveis para, a partir do mês de Março, iniciar a implementação do projecto, que tem como “grande parceiro”, a Diocese de Santiago.
Segundo ele, tendo em conta que o antigo proprietário do espaço é o ex-presidente da CMRGS, Manuel de Pina, que “gentilmente” cedeu o mesmo a favor da Diocese de Santiago para a implementação deste projecto, enquanto privado, ele e os outros, “terão que ter uma palavra na sua implementação”.
O presidente do IPC também anunciou que, no quadro do Programa Operacional do Turismo (POT), a Cidade Velha irá contar com um “financiamento muito robusto” para a requalificação integral de toda a cidade, a ser financiado pelo Banco Mundial e pelos fundos para alavancagem da economia, como é o caso do Fundo do Turismo.