Cidade da Praia, 04 Mai (Inforpress) – Os jornalistas Daniel Almeida, do jornal A Nação, e Cassandra Silva, da Record TV Cabo Verde, são os vencedores do Prémio Nacional de Jornalismo (PNJ), que este ano não atribuiu prémio na categoria Rádio, alegando falta de qualidade.
O anúncio dos prémios foi feito pelo presidente da Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), que também é presidente do júri do concurso, criado em 2013 por resolução do Governo, com o objectivo de galardoar acções dos jornalistas, empresas ou órgãos de comunicação social.
Segundo Carlos Santos, participaram do concurso 26 jornalistas e duas empresas representando um total de 40 trabalhos, entre reportagens, entrevistas e outros géneros constantes do regulamento do prémio dos quais 11 são da categoria Rádio, 14 da Televisão e 15 da Imprensa entre as quais jornais impresso, ‘online’ e agência de notícias, superando a participação registada em 2019.
Na categoria Imprensa, o prémio foi destinado a grande reportagem intitulado “Negócio de alto risco para Cabo Verde” de Daniel Almeida, do jornal A Nação, publicada na edição nº 616 de 20 de Junho de 2019. De acordo Carlos Santos, os elementos do júri fundamentaram a sua escolha no facto de ser um trabalho de “extrema importância” que defende interesses nacionais feito com base numa larga investigação.
“Na apreciação do trabalho o júri destacou a pertinência e actualidade do tema que ainda hoje figura no topo das preocupações dos cidadãos cabo-verdianos”, disse explicando que reportagem representa a problemática das ‘evacuações’ dos doentes, sobretudo das chamadas ilhas periféricas para cidade da Praia ou Mindelo, onde existem hospitais centrais.
“Trata-se de um assunto que tem feito correr muitos argumentos com as propostas de soluções apresentadas pelo Governo a serem constantemente escrutinadas e analisadas no espaço público mediático. Concluiu-se da investigação feita pelo jornalista Daniel Almeida que a permuta do avião Dornier da Guarda Costeira por dois aparelhos CASA pode ser um negócio de alto risco ou até mesmo um mau negocio”, acrescentou.
Ainda a nível da imprensa escrita, o júri do PNJ decidiu atribuir uma menção honrosa à jornalista Gisela Coelho, também do jornal A Nação, que concorreu com o trabalho intitulado “Agrotóxicos: Cabo Verde sem controlo permanente de resíduos pesticidas” e uma palavra de reconhecimento pelo esforço e dedicação demonstrados pela jovem jornalista Sheilla Ribeiro, do jornal Expresso das Ilhas.
“O júri apreciou, com satisfação, o trabalho de reportagem “Relacionamento com tios” submetido a concurso e estimula a jornalista a aprimorar e aprofundar a abordagem desses tipos de assuntos de cariz social”, disse Carlos Santos.
Na Televisão, a distinção foi para a reportagem “Homens do mar em busca da sobrevivência”, da jornalista Cassandra Silva, da Record TV Cabo Verde.
O júri considerou que a reportagem descreve o espetáculo e perigo da pesca nos mares do arquipélago e, de forma particular, no “canal das tormentas de Alcatraz entre Fogo e Brava”.
“Trata-se de uma matéria original que combina as formas jornalísticas de entrevista, testemunho e depoimento de vários actores do mar. O trabalho é de facto interessante, dinâmico e corajoso e sensibiliza o público para a faina do mar, trazendo os riscos que os pescadores correm como forma de sobrevivência e também pelo grande amor que têm pelo mar”, descreveu Carlos Santos.
Na reportagem, ressalta o presidente do júri, a jornalista e o repórter de imagem aventuram-se no mar juntamente com os pescadores, tornando a reportagem num documento audiovisual de grande impacto e tamanha beleza etnográfica e antropológica.
Ainda na categoria Televisão, o júri decidiu distinguir com atribuição de menção honrosa os trabalhos “Para além da folia”, da jornalista da TCV Filomena Alves, e “Abuso Sexual Infantil”, de Soraia de Deus, da ACI.
Na categoria Rádio, com 11 trabalhos submetidos a concurso, Carlos Santos explicou que não obstante considerar expressiva a participação dos jornalistas, o júri não conseguiu encontrar no conjunto dos trabalhos nenhum que se tivesse destacado na qualidade técnica, pela relevância, originalidade, criatividade e profundidade.
“Os membros do júri foram unânimes em considerar ainda que os “potenciais impactos” e/ou “repercussões no comportamento individual e na mobilização social”, não se vislumbram em nenhum dos trabalhos apresentados a concurso na categoria rádio, quando se procede a uma análise comparada com as candidaturas nas restantes duas categorias, Televisão e Imprensa. Assim sendo, o júri decidiu, por unanimidade, não atribuir, na presente edição, o prémio à categoria Rádio” adiantou.
Para além de Carlos Santos que preside, o júri do PNJ integra ainda os jornalistas Marilene Pereira e João Almeida, o professor universitário Silva Lopes Évora e o sociólogo Nardi Sousa.
O premio monetário de 500 mil escudos financiado pelo Governo, bem como os diplomas e as estatuetas serão entregues numa cerimónia com data ainda incerta.
MJB/CP
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