Bissau – O ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Assuntos Parlamentares e porta-voz do Governo prometeu que o executivo liderado pelo Nuno Nabian tudo fará para atender, na medida das suas possibilidades, as reivindicações dos sindicatos, e avisa que não será fácil uma vez que os problemas são vastos.
“Foram 46 anos de maus hábitos, não é um dia, num mês ou num ano que um Governo consiga resolver os problemas de toda a administração pública do país, mas é preciso sim que as Centrais Sindicais continuem a exigir , acompanhar e serem parceiros do executivo na solução destes problemas”, disse Jaquité ao intervir na cerimónia alusiva as comemorações dos 61 anos do massacre dos marinheiros do cais de Pindjiguiti, realizada segunda-feira,em Bissau.
O governante afirmou que pretende com isso expressar a firme determinação em tudo fazer para que a vida dos trabalhadores ligados ao mar e outros servidores públicos seja melhorada.
Jaquité frisou que o Governo não vé o pagamento de salários como um objectivo final, pois é apenas a obrigação do executivo, salientando que vão fazer tudo para continuar a cumprir essa missão à tempo e hora, uma vez que a conjuntura actual assim o exige.
Pediu a comprensão dos sindicatos e que tenham em consideração os problemas que o Governo enfrenta nomeadamente as mudanças climáticas e a crise sanitária causada pelo coronavírus que, segundo ele, podem provocar muito mais sofrimento do que já se viveu.
Falndo do acto comemorado, afirmou que o massacre de Pindjiguiti ocorrido à 3 de Agosto de 1959 deve servir aos governantes guineenses de exemplo para uma boa prática de Governação e procura incessante da satisfação dos desejos e ambição de uma vida cada vez melhor dos filhos da Guiné-Bissau.
Mamadu Serifo Jaquité que falava em representação do chefe de Governo
disse que a boa Governação exige de todos a ética, rigor, a verdade, responsabilidade, coerência e o compromisso de todos para juntos lutar para uma Guiné-Bissau melhor, renunciando a corrupção, demagogia, manipulação, mentira e ao nepotismo, e colocar os interesses do país acima dos partidários e pessoais.
O governante exaltou o papel dos mártires de Pindjiquiti na independência nacional e desenvolvimento da Guiné e Cabo-Verde, mas lamentou o abandono à que os sobreviventes foram relegados .
Por seu turno, a ministra da Função Pública destacou que completou segunda-feira 61 anos desde aquele violento acontecimento que marcou a história da Guiné-Bissau como um Povo heróico, salientando que a luta pela emancipação do Povo guineense para uma vida condigna sem exploração e opressão por um salário digno merecido começou exactamente através do movimento dos marinheiros e operários do porto de Pindjiquiti .
Para Maria Celina Tavares, as reivindicações dos marinheiros eram mais do que justa, mas a respostas da então administração colonial foi tudo menos consentânea, uma vez que, no lugar de diálogo, a tropa colonial preferiu utilizar a força com balas reais para assassinar aqueles que ousaram dizer “basta ao salário de miséria e a exploração” .
“Esse massacre foi o despertar da consciência do Povo da Guiné-Bissau sobre a imperatividade de ter que lutar, por todos os meios possíveis, na época, para assumir o seu destino. Assim foi e continua a ser até os dias de hoje”, sublinhou.
Tavares salientou que a dignificação do trabalhador guineense, ainda está a quem do desejável e que é nesta perspectiva que o Ministério que dirige está empenhado em prosseguir e executar, fielmente, o Programa do Governo e a adenda assinado com as Centrais Sindicais, de forma a dar melhores condições de vida e aos trabalhadores da administração pública da Guiné-Bissau.
O Secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné(UNTG), Júlio Mendonça presente na cerimónia advertiu ao Governo de que a paciência das Centrais Sindicais já está no limite e que não haverá mais espaço à violação do princípio da legalidade e que todos são obrigados a mudar o paradigma da Governação do país.
Frisou que já não há tempo a perder e se querem a estabilidade governativa devem respeitar as leis, combater a corrupção em diversos níveis e pagarem as dívidas do Estado, não importa a denominação de interna ou externa.
Para Malam Li , líder da Confederação-Geral dos Sindicatos Independentes da Guiné-Bissau (CGSI-GB), um Estado que não dispõe de trabalhadores com moral altamente motivada, é um Estado vazio.
Li exige, entre outras, o pagamento das dívidas salariais em atraso aos jornalistas contratados e técnicos da comunicação social dos órgãos públicos referentes aos meses de Abril á dezembro de 2019 e de Janeiro a Julho do ano em curso.
Pediu ainda a anulação dos recrutamento do pessoal levado a cabo nas diferentes instituições do Estado sem concurso público, nomeadamente no Ministério de interior, dos Transportes e outros.
António Gomes, um dos sobreviventes do Massacre de Pindjiquiti queixou-se de que estão abandonados à sua sorte, uma vez que só são lembrados no dia 3 de Agosto, depois disso voltam ao esquecimento.
, Gomes acrescentou que, para eles , trata-se de um dia de desgosto porque os 57 marinheiros que foram mortos não cometeram qualquer crime.