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Perfil: Mar e música – duas paixões que definem a vida de Santos Nhu Preto


  28 Décembre      32        Arts & Cultures (3085),

 

Cidade da Praia, 28 Dez (Inforpress) – No tempo dos famosos bailes de Ribeira da Barca, em Santa Catarina, Santos Nhu Preto, 56 anos, aventurava-se na pescaria e esquecia-se dos ensaios, mas no dia “D” estava lá para tocar e cantar os ritmos tradicionais cabo-verdianos.

Este é um pouco da história de vida de Santos Nhu Preto, nome artístico de Regino Furtado, casado e pai de cinco filhos, natural de Santa Cruz, que aos sete anos se fez ao mar como pescador e aos 14 no mundo da música.

Este nome artístico, revelou à Inforpress, herdou-o do seu pai, que também se chamava Nhu Preto. Mas, explica, como na sua zona, Cutelinho, na cidade de Pedra Badejo, havia muitos Santos, apelidaram-lhe de Santos Nhu Preto, para evitar confusão.

Recuando no tempo, Santos Nhu Preto começa por contar a sua andança pelo mundo da música, marcada por algumas paragens, por causa da sua outra paixão, a pesca.

Gaba-se de ter criado aos 14 anos, conjuntamente com os amigos e vizinhos Zê Galvão e Nataniel Simas, o conjunto “Lata de Porto Riba”.

“Zé Galvão cantava em inglês, para copiar katchás, e eu fazia de Zeca de Nha Reinalda e o Nataniel Simas fazia-se de Zezé. Éramos vizinhos de katchás, então quando ele ensaiava, logo depois íamos à casa do Orlando, com a nossa lata e começávamos a cantar”, contou, lembrando ainda que musicalmente é conterrâneo de Cálu Bana, Mário Horta, Joaquim Costa, Xavier, tendo passado ainda pelos conjuntos África Negra e Bonança.

Santos Nhu Preto lembra, ainda, que no tempo de Ildo Lobo, Bulimundo e kátchas, ele e os colegas tomavam “beata” nos intervalos dos ‘shows’ desses artistas para entreterem o público e aperfeiçoarem as suas técnicas musicais.

Com o tempo e sem “grande sucesso”no campo musical, este artista decidiu voltar à pesca, à procura de rendimento para a sua família.

“Iniciei-me na música num momento em que a música não rendia muito. Por isso, ia para o mar, mas de tempo em tempo voltava à música, quando as coisas não estavam a correr bem com a pesca”, relatou.

O mar, para além de ser uma fonte de rendimento para a sua família, tem sido uma fonte de inspiração.

“As duas coisas encaixam-se bem. Lembro-me do tempo em que eu pescava com um colega num bote e ele dizia que gostava de ir para o mar comigo, porque eu cantava e animava as coisas. Era no mar que eu inventava algumas letras, me inspirava. E ao chegar à terra, eu já tinha toda a canção feita”, recordou.

As duas paixões entrelaçam-se de tal forma que Santos Nhu Preto faltava muitas vezes aos ensaios para ir ao mar.

“Lembro-me dos dias, no tempo dos bailes de Ribeira da Barca e do conjunto Bonança, em que eu falhava alguns ensaios, porque perdia uns dois dias no mar. Às vezes, eu ficava um pouco constrangido por causa disso”, disse, comparando um artista a um jogador de futebol que, se não treinar, não pode entrar em campo, por falta de preparação.

Mas, contrariando um pouco a profissão de um futebolista, Santos Nhu Preto entrava no “campo para jogar” e, conjuntamente com os restantes integrantes do Bonança, faziam as pessoas dançar de um lado para o outro, sem parar.

Sem ter tido oportunidade de ir à escola, decisão dos pais que até hoje diz não compreender, Santos Nhu Preto lamenta o facto de não ter tido um colega de sala.

Entretanto, recordou que todos os dias acompanhava o seu vizinho Mário até à porta da escola e ficava ali até à hora do intervalo para brincar com os colegas da sua idade, isso nos dias em que não se fazia ao mar com o pai.

Mesmo sem ter ido à escola, conseguiu aprender a ler e a escrever, graças a um amigo e professor, já falecido, Carlinhos ou “Cola” para os mais chegados, que dava aulas de reforço para alunos da 4ª classe.

Dali conseguiu assinar o seu bilhete de identificação, aos 18 anos, altura em que conseguiu tirar a sua carta de condução, que lhe permitiu ser também motorista de embarcações.

Agora, aos 56 anos de vida, Santos Nhu Preto não quer deixar a sua paixão pela música morrer e antes também de ir “descansar”, pretende deixar o seu legado para a cultura de Cabo Verde, em particular para a de Santa Cruz.

“A intenção não é ter a fama, mas se a música me trouxer fama aceito-a. Estou a gravar este álbum para que um dia, quando eu morrer, possa deixar um legado no berço da cultura de Santa Cruz, nos dois ramos”, rematou.

Sendo o mar e o palco as duas paixões deste pescador e artista, decidiu casar essas duas profissões no seu primeiro álbum intitulado “Inteligente Pescador”, que marca a sua estreia a solo no mundo da música.

Neste momento, informou, todas as 12 músicas estão gravadas, faltando apenas algumas produções, mas devido à falta de recursos, os trabalhos estão ainda na gaveta, à espera de uma luz verde para chegarem aos ouvidos de todos, de uma assentada.

Mas, por agora, vai lançando aos “pingos” as músicas que vão integrar este álbum, com ritmos cabo-verdianos, como o funaná, coladeira, morna, batuco, e outros ritmos estrangeiros, como “Deka” e afro, tendo começado pelo ‘single’ “Bai Fora”.

O seu regresso à música, desta vez a solo, ficou a dever-se a incentivos que recebeu de antigos colegas que com ele partilharam o palco e do seu afilhado Mariozinho, que, para além de ser pescador, é também dono do estúdio onde gravou as suas melodias.

Antes de seguir carreira a solo, com a intenção de deixar o seu legado e contribuir para o enriquecimento da cultura de Santa Cruz, Santos Nhu Preto destaca o facto de participado já em vários álbuns dos artistas Benvas D´Strong, Nany Vaz, Talentos de Santa Cruz e CD volume 4.1.

AM/JM

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