Cidade da Praia, 21 Set. (Inforpress) – O Partido Popular (PP) responsabilizou o governo central e local pelos estragos causados pelas chuvas de 12 de Setembro e pediu a intervenção do Procurador-Geral da República para se apurar a responsabilidade das obras construídas com erário público.
Em conferência de imprensa realizada este domingo, no final da sua reunião quinzenal, o vice-presidente da direcção nacional PP, Felisberto Semedo, disse que as chuvas de 12 de Setembro colocaram a nu as fragilidades na construção das obras públicas, ao mesmo tempo que recomendou a Protecção Civil a ter uma posição “mais preventiva”.
O vice-presidente afirmou que assim como as obras de requalificação da orla marítima, praças e pontes na Ribeira da Barca (concelho de Santa Catarina) ou do desmoronamento do muro de protecção dos Picos, as diversas infra-estruturas danificadas no município da Praia reflectem a má qualidade das obras, construídas para “enganarem os cidadãos”.
Felisberto Semedo considerou “grave” o facto de as autarquias não responsabilizar os empreiteiros pela deficiente qualidade de obras, com receio de serem culpados pelos danos públicos, motivados pela falta de fiscalização e condenou as autoridades pela falta de desassoreamento das ribeiras e pela má qualidade de obras.
Estranhou “o custo da reposição da normalidade aos danos causados pela chuva, avançado pelo Governo no valor de 258 milhões de escudos”, alegando que sequer houve inquéritos junto dos moradores, razão pela qual entende ser necessário, igualmente, uma intervenção do Procurador-Geral da República no sentido de “exigir uma fiscalização mais apertada”.
O Partido Popular abordou ainda a problemática da transferência de areia de uma ilha para outra, denunciando a falta de concurso público. Felisberto Semedo sublinhou que se trata de um projecto de Estado que envolve somas exorbitantes, tendo indagado se na verdade houve estudo do impacto ambiental para a apanha de areia na Boa Vista.
A eleição autárquica também voltou a ser analisada, com o PP a confirmar a sua candidatura à Câmara Municipal da Praia e assembleias municipais da Praia e da Boa Vista, e denunciou que teve um grande constrangimento com ameaças e intimidação a supostos candidatos, com a perda de emprego ou transferência de postos de trabalho.
O PP considerou, por tudo isto, que não existe democracia em Cabo Verde e exortou a Comissão Nacional de Eleições a trabalhar no sentido de evitar a “compra de consciência” dos eleitores, mediante doação de materiais de construção civil e dinheiro.