Mindelo, 28 Out (Inforpress) – O director do Festival Internacional do Teatro do Mindelo (Mindelact) disse hoje em conferência de imprensa que a realização do festival neste ano é um manifesto de resistência do direito ao exercício da actividade artística.
Segundo João Branco, que falava aos jornalistas na apresentação da edição do Mindelact 2020, poucas pessoas acreditaram que poderia haver um festival Mindelact este ano, precisamente, por causa da pandemia da covid-19. Mas, defendeu que já chega “de fechar a cultura à chave dentro das casas”.
“É importante que as actividades culturais e artísticas retomem paulatinamente o lugar à qual têm direito, principalmente num país como Cabo Verde e numa cidade como a nossa. É algo que já está a acontecer em todo o mundo”, afirmou João Branco.
Para a mesma fonte a edição do festival Mindelact é um “manifesto da organização e de todos os artistas que estão na programação do evento, que são os grandes pilares desta edição, não só os nacionais mas também os estrangeiros que tiveram a coragem de aceitar vir a Mindelo para o festival”.
Isto porque, referiu, “as actividades artísticas foram as primeiras a se autoconfinarem quando tudo isso explodiu e está a ser a última a realizar este desconfinamento gradual”.
Conforme o director artístico do Mindelact, este ano haverá uma edição mais curta de quatro dias de espectáculos, contrariamente ao ano passado que foi de 11 dias.
Esta redução, sublinhou, tem que ver primeiro com a diminuição de recursos e, por outro lado, com a disponibilidade de muitas companhias e grupos, que já estavam programados desde o mês de Março, que deixou de existir.
Mesmo assim, indicou que o festival vai ter no total 16 espectáculos, quatro dos quais em formato digital apresentadas por companhias do Brasil. Para além de Cabo Verde e Brasil, participam no Mindelact artistas de Portugal e de Espanha.
Por sua vez, o director do Centro Cultural do Mindelo, que será o Palco 1, António Tavares, explicou que estudou conjuntamente com a organização do Mindelact as formas de adaptar o espaço às condições de protecção e segurança.
Assim, adiantou que este ano, para evitar aglomeração no Centro Cultural do Mindelo, as entradas para os espectáculos serão feitas a partir do lateral esquerdo e as saídas far-se-ão pela porta de fundo da sala do auditório Luís Morais. As casas de banho serão constantemente higienizadas, acrescentou.
Também a directora artística da Academia Livre das Artes Integrada do Mindelo (ALAIM), que será o Palco 2 do festival, afirmou que “o confinamento veio mostrar o quanto as actividades artísticas fazem falta até para a saúde mental”.
Pelo que, garantiu, “o retorno é o sublinhar de que têm capacidade, condições e estrutura dentro da limitação orçamental para seguir todas as exigências” e que a preocupação é dar segurança à população de que o espaço não seja um foco de transmissão”.
Para os espectáculos presenciais o CCM vai funcionar com metade da sua lotação, ou seja, 110 lugares e o ALAIM também com metade, disponibilizando 50 lugares.
Segundo a organização os bilhetes digitais já foram disponibilizados e está-se a estudar as possibilidades de fazer a transmissão dos espectáculos online para dar maior alcance aos espectadores.