Cidade da Praia, 25 Out (Inforpress) – O Prémio Nobel da Paz (1996) José Ramos Horta aproveita a sua estadia em Cabo Verde, onde vai participar na III edição do Morabeza – Festa do Livro, para estabelecer encontros com individualidades e instituições cabo-verdianas.
A informação foi avançada hoje à Inforpress e à RCV pelo director da Book Company – empresa responsável pela produção do Festival, Tito Couto, tendo garantido que está tudo a posto para mais uma edição do festival, que este ano para além da cidade da Praia terá lugar na ilha do Fogo.
O festival arrancou hoje com a participação do escritor angolano Ondjaki que esteve na Escola Achada Grande Trás para uma partilha com os alunos do 8º ano.
A abertura do certame está marcada para as 17:00, com uma Feira do Livro na Biblioteca Nacional, seguindo-se uma conversa sobre percurso e obra infanto-juvenil com o escritor cabo-verdiano Dai Varela.
Por volta das 19:00, o tão aguardado Prémio Nobel da Paz entra em cena para uma entrevista de vida moderada pela jornalista Margarida Fontes.
Segundo a organização, foi com “grande prazer e entusiasmo” que José Ramos Horta aceitou o convite de vir a Cabo Verde e partilhar a sua trajectória e abordar com o público todo o trabalho que ele fez durante anos junto da Assembleia das Nações Unidas, chamando atenção para o “drama que se vivia em Timor-Leste”.
Para Tito Couto, o trabalho feito por ele “foi extraordinário” para a construção da nação timorense e isso levou-o a ser galardoado em 1996 com o Prémio Nobel da Paz.
“A infraestruturação do Estado é importante, mas, no meu entender, até o mais interessante da intervenção dele será o papel decisivo que ele tem em Timor-Leste na defesa da língua portuguesa, da lusofonia, do criar ponte entre os vários países da lusofonia e manter viva a língua portuguesa”, sublinhou.
Fez saber que para além de participar no festival, José Ramos Horta vai estabelecer contactos e ter reuniões com uma série de instituições e individualidades.
“Um dos objectivos de vida dele é exactamente o reforço da lusofonia, o reforço do contacto entre os vários países que se expressam em língua portuguesa e criar essa comunidade que todos nós há muito ansiamos que seja mais que uma ideia expressa em papel e seja qualquer cosia de mais físico”, sublinhou.
A mesma fonte acredita que ele como ex-chefe de Estado terá vários temas para tratar sobre cooperação, aproximação entre as instituições, um relacionamento mais próximo entre Cabo Verde e Timor Leste, uma vez que “são ilhas com desafios comuns que urge encontrar soluções”.
Para Tito Couto, o princípio básico deste festival e o princípio para uma lusofonia “viva e dinâmica” é que as pessoas se encontrem, falem e troquem ideias e experiências.
O festival, promovido pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, conta com a participação de escritores da Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Portugal e autores cabo-verdianos.