Mindelo, 31 Jul (Inforpress) – O Centro Nacional de Arte Artesanato e Design (CNAD), em São Vicente abriu o Centro de Investigação e Biblioteca Nhô Damásio, o primeiro espaço de pesquisa e investigação especializado em arte e cultura em Cabo Verde.
A abertura do espaço está integrada nas celebrações do primeiro aniversário da inauguração das novas instalações do CNAD.
Segundo o presidente do CNAD, Artur Marçal, o espaço traz “uma outra alavancagem” à instituição do ponto de vista da investigação, da arte e cultura e também do ponto vista físico e digital porque, além da digitalização das obras, a biblioteca está associada a algumas bibliotecas no exterior que lhe permite ter uma abrangência mundial sobre as temáticas e problemáticas em torno de arte e cultura.
“Tem uma componente digital integrando várias bibliotecas a nível mundial que vai permitir ter um manancial de informação não só físico, mas também digital. É um espaço para servir Cabo Verde e quem vem de fora para fazer investigação”, explicou a mesma fonte.
O mesmo revelou que o Centro de Investigação e Biblioteca Nhô Damásio está associado à biblioteca da Gulbenkian e ao Museu de Etnologia de Lisboa e está preparado para receber qualquer investigador para pesquisar, de forma física e digital, sobre a arte e cultura cabo-verdiana.
Para Artur Marçal, associar o nome da biblioteca ao de Nhô Damásio é uma forma de eternizar uma outra figura que esteve na origem do projecto do antigo Centro Nacional de Artesanato (CNA), através do grupo fundador que tinha como acção pedagógica trazer grandes mestres de outras ilhas para dar formação no centro.
“A ideia de eternizar este nome é que esteve na essência daquilo que é o Centro Nacional de Arte Artesanato e Design hoje. É por isso que homenageamos Manuel Figueira colocando o seu nome numa galeria, à semelhança de Luísa Queirós, Bela Duarte, João Fortes, que tem nome do nosso acervo, e depois temos Nhô Damásio e Nhô Griga”, explicou.
Segundo o presidente do CNAD, Nhô Damásio foi “um grande artesão”, descrito por Manuel Figueira como “o maior tecelão da ilha de Santiago”, que, na altura da fundação do Centro Nacional de Artesanato, teve “um papel fundamental” na transmissão de técnica de fazer pano de terra juntamente com os artesãos de São Vicente.
“A prática pedagógica do CNA era trazer mestres do interior de Santiago e de Santo Antão para vir trabalhar com os formandos. Todos os formandos que passaram pelo centro passaram pelas mãos de Nhô Damásio. Nhô Damásio, à semelhança de Nhô Griga, são dois grandes artesãos que passaram pelo CNA e que tiveram oportunidade de transmitir os seus conhecimentos no âmbito da panaria”, acrescentou Artur Marçal, que vê Nhô Damásio como uma figura de abrangência nacional.
Por seu lado, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, disse tratar-se da “primeira biblioteca especializada em arte que se abre em Cabo Verde, desde 1975”, em que se pode pesquisar a arte, artesanato, arte contemporânea, pensamento, investigação teórica e conceptual e investigação científica e ter “lincagem com grandes universidades e grandes” e bases de dados internacionais, nomeadamente a Calouste Gulbenkian e outros museus”.
Conforme o governante, a abertura deste centro de investigação é “o momento essencial para aquilo que é a essência do CNAD”, mas, ressalvou, “ainda há um caminho para andar tanto a nível da programação como de compreender e tirar toda a utilidade e projecção que o edifício pode dar”.