Cidade da Praia, 25 Jun (Inforpress) – A festa de São João em São Vicente fez várias pessoas deslocarem-se à localidade de Ribeira de Julião nestes últimos dias, que mesmo assim decorreram na “normalidade”, informou o comandante regional de Polícia Nacional.
Foram dois dias de festa, 23 e 24, que, segundo Alírio Correia e Silva adiantou à Inforpress, passaram na “normalidade” e “sem qualquer incidente”, que pudesse alterar a ordem pública, mesmo com o grande número de pessoas que acorreu à zona periférica da ilha, na Ribeira de Julião.
“Prevaleceu o civismo e as pessoas estão de parabéns por este comportamento”, lançou o responsável da Polícia Nacional, adiantando não terem tido problemas nem sequer nos jogos de fortuna e azar, que normalmente poderiam deixar os ânimos mais exaltados.
Aliás, os jogos de fortuna e azar são uma das tradições mais vincadas no São João, no Mindelo, que apesar de se apresentarem a cada dez passos sempre têm “fregueses”, sendo Carlos Lopes um destes, que disse, à Inforpress, cumprir esta tradição, “mesmo ganhando ou perdendo”, todos os anos e ultimamente com o filho, para garantir a continuidade.
Manuel Coronel também não fica de fora, joga, assegurou, para se divertir e para aproveitar “todas as experiências” que a festa concede, desde o comer moreia e “midje in gron” (espigas de milho, em português), colá e também o jogo de banca.
“É uma tradição e nos satisfaz, voltamos para casa sem estresse”, garantiu.
Talvez se pense que poderá esta “jogatina” ser só para homens, mas não, “assedia” crianças e até mulheres como a Ivanilda Santos, que não vê um San Jon sem uma “batota” – expressão vulgarmente utilizada pela população para designar este jogo, devidamente licenciado pelas autoridades – para si uma das “melhoras coisas” desta “festa muito boa”, que tem aproveitado também com os filhos.
Querendo preservar o dinheirinho que já se ganhou, ou então evitar perder mais, deslocava-se depois ao Largo do Mix para ouvir os tambores e ver as pessoas no colá San Jon, ou “umbigada”.
Mais uma destas especificidades que deixa todos com o espírito vibrante e prontos para dançar, até porque, apesar de ser normalmente executado por um par, um homem e uma mulher, não é difícil de se ver o “colá” dançado por duas mulheres ou até dois homens.
Os mais novos também estiveram lá, dançando, mas também apanhando a manha de tocar tambores, o que dá impressão de estar o costume a ser transmitido de geração em geração.
Mas não é só o profano que marca o São João na Ribeira de Julião, e assim como todos os anos, os fiéis compareceram nesta segunda-feira em grande número para assistir a missa e participar na procissão.
Este lado religioso também marcado pelas voltas em torno da capela para cumprir as promessas, efectuadas através do acender de velas, que neste ano foi um tanto ou quanto “perigoso” e em vias de provocar até um acidente.
LN/ZS