Cidade da Praia, 19 Jan (Inforpress) – A APIMUD apontou terça-feira a procura de parcerias como o seu “maior desafio” para 2022, para poder ajudar as suas associadas a sobreviverem num momento em que “algumas estão a passar fome” devido aos efeitos da pandemia.
A afirmação é da presidente da Associação Cabo-verdiana de Promoção e Inclusão das Mulheres com Deficiência (APIMUD), Eurídice Andrade, em declarações à Inforpress sobre os desafios da associação, num momento em que a mesma completa sete anos de existência e enfrenta “problemas sérios”, devido aos efeitos da pandemia.
“Com a pandemia perdemos algumas parcerias, pelo que o nosso maior desafio, neste ano, é buscar consórcios para que possamos ajudar as nossas associadas visto que a situação está difícil e temos até caso de mulheres que estão a passar fome por terem perdido rendimento durante a época da pandemia”, garantiu.
Conforme Eurídice Andrade, os desafios neste domínio começaram com a perda dos parceiros que ofereceram cestas básicas durante três meses em 2021 para que a associação doasse aos seus associados, uma ajuda como forma de fazer face às dificuldades impostas pela covid-19.
“Com o término de apoio às complicações aumentaram já que muitas das nossas mulheres recebem uma pensão social no valor de 5.880 escudos, mas algumas têm de pagar a habitação facultada no âmbito de Casa para Todos no valor de 5 mil escudos, luz e água e ficam sem nada para comer”, relatou, realçando ainda as dificuldades dessas pessoas por serem deficiente e sem escolaridade para conseguir um trabalho.
Tudo isso, segundo a presidente da APIMUD, acrescentado a condição da pessoa humana traz muitas dificuldades que não são ajudadas pelas políticas públicas específicas para formação profissional e vagas para emprego.
Isso porque, explicou, um deficiente quando vai a entrevista de trabalho “é visto com maus olhos e dificilmente é empregado”.
Além de debater-se com este tema, Eurídice Andrade realçou ainda a questão de discriminação, violência contra mulheres com deficiência e a abaixa autoestima que caracteriza as mulheres com deficiência.
Apesar disso, lembrou as formações de corte e costura, assim como de pastelaria que foram destinadas às mulheres com deficiência, mas que devido à baixa autoestima de muitas apenas duas conseguiram ter um negócio próprio.
As outras, segundo disse, trabalhavam com APIMUD que com as parcerias ajudavam-nas financeiramente.
“Neste momento, temos dez mulheres a concluírem a sexta classe e, com isso, esperamos que consigam buscar, por conta própria, uma forma de terem um rendimento para não depender da pensão social e de apoio dos outros”, apontou.
Mesmo frente a estes desafios, a presidente da APIMUD considerou que a associação nestes sete anos conseguiu “ganhos imensuráveis” com a quebra de violação dos seus direitos a nível da saúde onde não tinham direito a opinar sobre suas vidas, formação, maior respeito para com os direitos de mulheres com deficiência.
Neste particular, aquela responsável enalteceu a luta da fundadora da APIMUD, Naldi Veiga, que, nestes anos todos, conseguiu um maior respeito para com as mulheres deficientes no País.
A mulher deficiente, realçou, assim como as outras mulheres, também sofreu, durante a pandemia, com violência baseada no género, situação que, segundo relatou, foi resolvido pela associação.
Apesar de todas as dificuldades, Eurídice Andrade pensa este ano “correr atrás da câmara municipal, do Governo, da primeira dama e de parceiros nacionais e internacionais” para resolver os problemas que afectam as mulheres com deficiência e conseguir ter representação nas outras ilhas do País.
A APIMUD, que conta com mais de 140 membros, além de querer ajudar as suas associadas têm ainda como desejo para 2022 ter sede própria e delegações em todas as ilhas.
Criada a 18 de janeiro de 2015, a APIMUD tem como objectivo defender, promover e zelar pelos direitos das mulheres com deficiência.
PC/AA