Cidade da Praia, 25 Abr (Inforpress) – A Revolução de 25 de Abril é um acontecimento extremamente importante para Portugal, uma vez que mudou todo o sistema e liderança político e abriu perspectivas para a independência das colónias, afirmou hoje o antigo Presidente Pedro Pires.
Em declarações à Inforpress, a propósito da efeméride que se assinala hoje, o comandante Pedro Pires considerou que a “Revolução dos Capitães” rompeu com o império colonial existente na época e contribuiu para o rejuvenescimento das lideranças políticas que vigorava na altura e que estava encarnada pelo partido de Marcelo Caetano.
Para Pedro Pires, a “Revolução dos Cravos”, constitui, por um lado, um acontecimento extremamente importante para Portugal, uma vez que mudou todo o sistema e a liderança política, mas também um momento de viragem para as antigas coloniais portuguesas com a abertura de novas perspectivas e condições de negociação com os movimentos de libertação nacional e o regime português na altura.
“Com o 25 de Abril abriram-se as perspectivas para a independência das colónias, deu-se o inicio do processo de descolonização com uma nova autoridade, visão e uma nova ideologia e contribuiu para a independência de Cabo Verde”, referiu o comandante, sustentando, que com a chegada da Revolução dos Cravos foi necessário estabelecer novas relações com as suas colonias.
“Eu participei nesse processo negocial que veio a conduzir ao reconhecimento pelo Estado português do então proclamado Estado da Guiné-Bissau e abriu as prespectivas para negociar com o PAIGC o futuro de Cabo Verde”, assegurou.
Avançou que na altura havia um desconforto enorme no seio dos militares, começaram a surgir alguns movimentos de capitães e que foram os quadros jovens das Forças Armadas portuguesa que promoveram a mudança e a substituição do regime político em vigor na altura, ou seja, “quem estava a pagar o custo da guerra é quem mudou o sentido das coisas”, enfatizou.
Pedro Pires, disse, por outro lado, que com o 25 de Abril houve uma ruptura político-cultural, com muitas instituições que desapareceram, instalação de novas relações de forças no campo político, uma aproximação entre o povo português e as suas instituições, transição do regime anterior para o novo regime instituído em Portugal. (…) Mas tudo isso levou o seu tempo com algumas crises, convulsões e disputas, tornando-se numa transição conflituosa do ponto de vista social e cultural.
AV/FP