Bissau,29 Jul 21(ANG) – A União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG) vai convocar 15 dias de greve para agosto para dar um « balão de oxigénio » ao Governo, disse quarta-feira o Yasser Turé, vice-secretário-geral da principal central sindical do país.
« Depois de constatar o esforço que o Governo está a fazer para responder às exigências da central sindical, na (terça-feira) numa reunião decidimos que vamos mostrar a nossa flexibilidade e não vamos mandar um pré-aviso de greve para 30 dias, mas um para 15 dias », afirmou Yasser Turé.
Segundo o líder sindical, a UNTG está a dar um « balão de oxigénio » ao Governo, porque também sabe qual é a situação e a condição socioeconómica do país.
« Estamos a dizer ao Governo de uma certa forma que compreendemos e também valorizamos o esforço que estão a fazer, mas é necessário continuarmos até ao fim », salientou.
Yasser Turé, que também é presidente da comissão organizadora dos protestos da central sindical, falava aos jornalistas durante a manifestação que na quarta-feira se realizou em Bissau com dezenas de pessoas a reivindicarem melhores condições de vida.
« Em primeiro lugar estamos a mostrar a resiliência do povo da Guiné-Bissau, estamos a demonstrar que desta vez vamos cumprir com as nossas obrigações no processo democrático e também estamos a trazer uma mensagem à população de que não estamos de acordo com o caminho que o país está a fazer », disse, salientando que as políticas praticadas têm de refletir o desejo das pessoas.
Sublinhando que a « vida está insustentável », Yasser Turé afirmou que é difícil para um chefe de família olhar para os filhos e mulher e cumprir com as suas obrigações.
« Numa democracia no século XXI, o que estamos a assistir é que existe uma total assimetria entre o que os dirigentes estão a propor à população e o que a população está a procurar », afirmou.
A central sindical tem convocado, desde dezembro, ondas de greves gerais na função pública, para exigir do Governo, entre outras reivindicações, a exoneração de funcionários contratados sem concurso público, melhoria de condições laborais e o aumento do salário mínimo dos atuais 50.000 francos cfa para o dobro.
A próxima manifestação realiza-se a 03 de agosto, feriado nacional que assinala o massacre de Pindjiguiti, quando a polícia colonial portuguesa reprimiu um protesto de marinheiros guineenses, provocando a morte a pelo menos 50 pessoas