Mindelo, 23 Jun (Inforpress) – O projecto de documentário “Leite de Tribunal”, da antropóloga Celeste Fortes, encontra-se entre os sete seleccionados da incubadora MiradasAfro, novo espaço de formação dirigido a documentaristas africanos e afro-descendentes, do Festival Internacional de Documentários das Canárias, MiradasDoc.
O objectivo é trabalhar esses projectos numa fase embrionária para que as suas apresentações possam se qualificar para mercados, festivais e produtores internacionais.
Em declarações à Inforpress, Celeste Fortes disse que até ao dia 25 os seis seleccionados vão receber uma formação online, com o intuito de trabalhar a ideia dos seus projectos, “de forma mais aprofundada”, para torná-los “mais realizável possível de ser filmado” e contado o ponto de vista cinematográfico.
“Está a ser muito interessante porque ajuda-me a ver a minha ideia a transformar-se num filme, colocando-o no papel, e ao mesmo tempo ver como construir as cenas, como contar as histórias que tem as regras do documentário, que é um início, o clímax a resolução do problema”, explicou Celeste Fortes.
“Leite de Tribunal” pretende despoletar a discussão entre um possível desencontro existente em Cabo Verde entre o que está plasmado no Código de Família, na lei e a “cultura cabo-verdiana machista patriarcal”, mas ao mesmo tempo “muito matrifocal” centrada na mulher.
De uma forma resumida, Celeste Fortes sintetizou que a ideia é trazer para a esfera pública a questão da pensão alimentícia dos filhos em Cabo Verde que muitas vezes é resolvida quando as mães recorrem à justiça para exigir que o progenitor cumpra com as suas obrigações.
Apesar de não ter formação na área de cinema, Celeste Fortes, que já apresentou o documentário “Bidon: Nação Ilhéu”, em parceria com o realizador Edson Silva, avançou que gosta de escrever e criar roteiros.
Por isso, disse acreditar que a incubadora lhe dará outras competências para pensar inclusive nessa carreira que quer seguir, que é escrita para o cinema.
Segundo a mesma fonte, o facto de o seu projecto ter sido seleccionado pela incubadora MiradasAfro coloca-lhe diante de outros potenciais festivais e circuitos de documentários.
Quando o roteiro estiver pronto, Celeste Fortes pretende filmar o documentário com a produtora Korikaxoru film.
Além de Celeste Fortes, Cabo Verde é representado no MiradasAfro pelo projecto “Sakudi”, de Lolo Arziki.
Também foram seleccionados projectos de Argentina, Colômbia,Paraguai, Venezuela e Moçambique.