Cidade da Praia, 21 Dez (Inforpress) – O Presidente da República, José Maria Neves, disse segunda-feira que se deve “mudar radicalmente” a discussão política em Cabo Verde e que o “debate é raso e pouco centrado na busca de soluções para os problemas do País”.
“Independentemente do acordo, é sempre bom haver discussão. É sempre bom que as partes se entendam”, frisou o chefe de Estado, ao ser abordado se terá havido influência da magistratura da sua parte que levou os grupos parlamentares a dialogarem e chegar a um entendimento que evitou que o IVA (Imposto sobre o valor Acrescentado) e outros impostos aumentassem no próximo ano.
“Precisamos melhorar o debate e todo o consenso é importante”, afirmou José Maria Neves, que evitou entrar no conteúdo do próprio acordo no Parlamento que tem a ver com o não aumento dos impostos para permitir o aumento do endividamento.
Segundo ele, “mais impostos matam empresas”, mais dívida “são impostos para o futuro” e, portanto, tem de haver “onde que está a saída para a crise que estamos a viver”.
O Presidente da República fez essas considerações, em declarações à imprensa, à margem da visita que realizou ao Centro Socioeducativo Orlando Pantera, uma instituição que acolhe crianças e adolescentes em conflito com a lei, e a Aldeia SOS de São Domingos.
“Há uma reduzida confiança mútua entre os principais actores políticos e muitos não têm os seus limites enquanto instituições”, considerou José Maria Neves.
Na sua perspectiva, não se pode continuar a criar estruturas na Administração Pública, “aumentando os custos de funcionamento porque há limites para isso”.
“Não podemos continuar a aumentar os impostos, porque há o limite socialmente tolerável para a cobrança de impostos”, lançou o chefe de Estado, acrescentando que o País pode continuar a endividar-se sem qualquer limite porque tem de garantir a sustentabilidade das finanças públicas”.
Para o Presidente da República deve-se fazer a redução de “gastos supérfluos” no funcionamento da Administração Pública para se poder canalizar os recursos para as áreas prioritárias.