Mindelo, 25 Nov (Inforpress) – A linguista Dora Oriana Pires lança hoje, no salão de banquetes da Assembleia Nacional, na Cidade da Praia, o livro “O cabo-verdiano, língua materna da República de Cabo Verde e sua introdução nas escolas Cabo Verde”.
Segundo a autora da obra, o livro resultou da sua tese de doutoramento e traz a preocupação acerca do ensino e valorização da língua cabo-verdiana e da formação dos professores.
“O livro resulta de um trabalho científico em que mostro que a língua cabo-verdiana é uma língua como outra qualquer, é mais oral do que escrita, tem variantes assim como todas as línguas e que realmente precisa ser mais trabalhada para o ensino. E, apresento propostas para formação de professores e a forma como ela deve ser introduzida no ensino”, explicou a mesma fonte à Inforpress.
Para Dora Pires, a língua materna deveria ser ensinada desde o início do Ensino Básico Obrigatório (EBO) porque é nessa fase que as crianças vão para a escola e, muitas vezes, têm “um impacto brusco com o português e a criança bloqueia o seu desenvolvimento intelectual”.
Já o português, acrescentou, deveria ser introduzido depois do 4º ano do EBO e seguir até ao 9º ano do Ensino Secundário, com o ensino bilíngue. Depois, avançou, continuar-se-ia até o 12º ano com o português e, assim, os alunos poderiam “desenvolver as suas competências orais e linguísticas na língua portuguesa”.
“Há muito tempo que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) tem estado a insistir principalmente com países ex-colónias, a chamá-los atenção, para o ensino da sua língua materna”, argumentou Dora Pires defendendo que “uma criança tem a possibilidade de aprender quatro línguas ao mesmo tempo”.
A apresentação do livro “O cabo-verdiano, língua materna da República de Cabo Verde e sua introdução nas escolas de Cabo Verde” será feita por Elvira Reis e contará com a presença também de Amália Melo Lopes.